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quarta-feira, 7 de maio de 2014

Artigo


Parcerias

Por Vinicius Abbate
Edição 192 - Março/2010
imagens Tatiana Popova/iralu/spaxiax/Shutterstock
Os projetos de parceria entre arquitetos e escritórios de arquitetura são realizados por meio de relações de complementaridade, que acabam por somar as diferentes experiências das partes envolvidas. Têm por objetivo a associação de conhecimentos específicos sobre demandas complexas do trabalho que está sendo desenvolvido.
A parceria deve ser um processo negociado, resultado de uma conjunção de virtudes, com possibilidade de ganhos consideráveis de qualidade. É fundamental estar aberto ao diálogo desde os primeiros momentos e estabelecer bases de atuação claras e flexíveis desde o início do processo.
É indispensável também que exista afinidade entre os envolvidos, e quanto mais os parceiros trabalharem juntos, melhores tendem a ser os resultados. Outras formas de parceria podem acontecer com o intuito de formar uma equipe mais completa e com maior capacidade produtiva.
"O elemento catalisador para a viabilização do que chamamos parceria está além do esclarecimento dos objetivos comuns, com o alinhamento de abordagens e com as compreensões das questões", afirma José Armênio de Brito Cruz, do escritório Piratininga Arquitetos Associados.
Procedimentos pós-acordo
Quando a decisão de trabalhar em parceria é tomada, torna-se necessário estabelecer a remuneração das partes, o local de trabalho, qual equipe será alocada e quais consultores participarão do projeto.
O estabelecimento de contratos bem detalhados com o cliente, com atribuições objetivas de parte a parte, é aconselhável nos projetos desse tipo. Na prática, entretanto, o desenvolvimento do projeto pode acontecer de maneira informal, por troca de correspondências e e-mails, por exemplo.
Cada equipe é encarregada de criar as próprias condições de responsabilidade. É preciso, então, recolher as ARTs (Anotação de Responsabilidade Técnica) de cada equipe - os corresponsáveis técnicos - perante o Crea.
As responsabilidades serão atribuídas a empresas ou a indivíduos, de acordo com o Código de Responsabilidade Profissional, regido pelo Conselho, que as regulamenta. Uma vez compreendidas as atribuições específicas das partes, deverá constar o registro do que foi acertado.
Exemplos de parcerias
A equipe do escritório Metro Arquitetos Associados realizou diversos projetos com Paulo Mendes da Rocha, consequência de uma relação profissional iniciada em 1993, quando o fundador da empresa, Martin Corullon, era aluno do arquiteto na FAUUSP.
A parceria rendeu uma série de trabalhos em que coube à Metro o desenvolvimento de todas as etapas formais de projeto, desde os primeiros estudos até o acompanhamento da obra, passando pelo anteprojeto, o projeto executivo e a coordenação dos projetos complementares.
O mais recente trabalho conjunto é o de Cais das Artes, em Vitória-ES, que conta com um Teatro de Ópera com 1.400 lugares e um Pavilhão de Exposições com 4 mil m² de área expositiva, somando mais de 28 mil m² de área total.
"Em nossos trabalhos com Paulo Mendes da Rocha, as etapas iniciais são realizadas por ele e discutidas pela equipe. A parte dos estudos e apresentações é feita em conjunto, de forma colaborativa. À medida que o projeto avança, aumenta a participação do escritório, mas com a sua presença constante em todas as decisões", explica Corullon. Para projetos mais complexos, o gerenciamento, a coordenação e o contato cotidiano com o cliente ficam sob responsabilidade do escritório.
Prós e contras
Para o arquiteto Pedro Paulo de Melo Saraiva, do escritório PPMS Arquitetos Associados, o trabalho de parcerias é quase uma constante hoje em dia.
"Não se faz nada sozinho, a sinergia de um trabalho em equipe é sempre necessária. Às vezes, parcerias se dissolvem por motivos fúteis ou idiossincrasias de momento. Diferenças éticas e políticas não constituem uma boa condição de parceria", afirma.
"É possível imaginar casos em que diferenças entre as partes e os conflitos provenientes disso afetem negativamente o resultado. Considero difícil extrair regras gerais para processos colaborativos - os resultados dependem de muitos fatores, objetivos e subjetivos", diz Corullon.
Parcerias no exterior
Há ainda o tipo de associação que se faz necessária quando o projeto é desenvolvido fora do país de origem do escritório contratado. Neste caso, um escritório local responde por fornecer os parâmetros locais, sejam técnicos ou legais, e eventualmente readaptar o projeto para a construção.
Quando Martin Corullon, trabalhou no escritório Foster + Partners, em Londres, pôde acompanhar processos em que o projeto foi dividido meio a meio entre o escritório-autor do projeto e o escritório local.
Segundo o arquiteto, nessa modalidade, a participação do autor decresce à medida que o projeto avança e há, portanto, uma inversão do envolvimento de cada parte.
Na etapa de anteprojeto, há uma participação maior do autor, orientando o desenvolvimento do projeto. Ao final do processo, a relação se inverte, e a participação do escritório local passa a ser total, enquanto o escritório-autor apenas supervisiona os produtos.
"Acredito que a parceria entre escritórios pode ter formas muito diversas em função do perfil dos escritórios, do tipo e complexidade do projeto, das condições do local em que será construído ou da forma de contratação. Cada caso demanda um ajuste da fórmula e um acordo específico", diz Corullon.
Para o trabalho conjunto dar certo

As partes envolvidas devem estar constantemente abertas ao diálogo.
As bases de atuação de cada arquiteto ou escritório devem ser estabelecidas no início do processo.
É importante que haja afinidade entre os profissionais. Uma sucessão de trabalhos conjuntos aprimora o entrosamento entre os parceiros e ajuda na obtenção de melhores resultados.
Decidida a parceria, torna-se necessário estabelecer a remuneração das partes, o local de trabalho, qual equipe será alocada e quais consultores participarão do projeto.
Estabelecidas as condições de responsabilidade das equipes, é preciso, então, recolher as ARTs (Anotação de Responsabilidade Técnica) dos corresponsáveis técnicos perante o Crea.
As responsabilidades serão atribuídas a empresas ou a indivíduos, de acordo com o Código de Responsabilidade Profissional. Uma vez compreendidas as atribuições específicas das partes, deverá constar o registro do que foi acertado.
Quando o projeto é desenvolvido fora do país de origem do escritório contratado, o escritório local responde por fornecer os parâmetros locais, sejam técnicos ou legais, e eventualmente readaptar o projeto para a construção; à medida que o projeto avança, a participação do escritório-autor tende a decrescer, realizando apenas a supervisão dos produtos.

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