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quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

PAULO MENDES DA ROCHA

"ARQUITETURA. ELA COMEÇA A ESPERNEAR DE NOVO. É ANTES TAMBÉM, E CONTINUA. É SEMPRE. A ESSÊNCIA DA NOSSA EMOÇÃO PARA CONSEGUIR VIVER, A MOTIVAÇÃO DA VIDA MESMO SE VOCÊ QUISER. É LIGADA À IDÉIA DE FORMAÇÃO, DE CONSCIÊNCIA E LINGUAGEM. EU ESTOU SEMPRE A FIM DE DIZER PARA O OUTRO, PORQUE EU VOU EMBORA E TEM QUE CONTINUAR ESSA COISA TODA NO PLANETA. PORTANTO, ESSA DIMENSÃO DIDÁTICA, DE DESVENDAMENTO DE COMO FOI FEITA A COISA, NÃO É DE ÉPOCA."
Eu acho que a questão fundamental da arquitetura é resolver problemas. Portanto, se você quiser dizer assim, que qualidade a arquitetura deve ter, imprescindível, se tivesse que dizer uma só qualidade, eu acho que ela deve ser “oportuna”. Estamos em cima desse planetinha, girando perdidos no universo. Agora, ninguém discute mais isso”.

BIOGRAFIA
Paulo Archias Mendes da Rocha, nascido em Vitória (ES) a 25 de outubro de 1928, costuma dizer que foi criado vendo a engenhosidade do mundo. Ouvia em casa que poderia fazer um porto e até um navio. O avô, Francisco Mendes da Rocha, dirigiu o serviço de navegação do Rio São Francisco, conhecido como “Rio da Unidade Nacional”, e depois a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. O pai, grande engenheiro, tornou-se a partir dos anos 1940 um respeitado professor de Naval e Recursos Hídricos na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Mendes da Rocha formou-se acreditando na capacidade do homem de intervir na natureza de forma criteriosa. Em suas próprias palavras, “a primeira e primordial arquitetura é a geografia”.
Seguindo a trilha familiar, ele próprio, formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, de São Paulo, em 1954, desenvolveu uma sólida carreira acadêmica, a partir dos anos 1960. Foi a convite de João Batista Vilanova Artigas que encabeçou a chamada Escola Paulista da arquitetura brasileira. Ambos elevaram a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidadede São Paulo (FAU-USP) com seus pontos de vista sociais e humanistas, influenciando gerações e gerações de arquitetos e artistas. No entanto, como tantos outros intelectuais brasileiros, em 1969 os dois foram afastados de seus postos pela ditadura militar, sendo reintegrados aos quadros da universidade somente em 1980, depois da Anistia. Vilanova Artigas morreu pouco depois, mas Mendes da Rocha seguiu lecionando com o mesmo entusiasmo de antes, até se aposentar em 1999.
Mendes da Rocha assumiu nas últimas décadas uma posição de destaque na arquitetura brasileira contemporânea, tendo sido galardoado no ano de 2006 com o Prêmio Pritzker, o mais importante da arquitetura mundial.
A justificativa do júri foi que sua obra modifica a paisagem e o espaço, procurando atender tanto às necessidades sociais quanto estéticas do homem. Um grande senso de responsabilidade para com os usuários de seus projetos e com a sociedade em geral baliza suas realizações nas mais variadas frentes, da residência individual ao edifício de apartamento, da capela a estádios esportivos, parques infantis, museus de arte e praças públicas. Na avaliação dos jurados, profissionais eminentes como Frank Gehery e Rolf Fehlbaum, Mendes da Rocha produz trabalhos reveladores de uma permanente busca de harmonia entre a arquitetura e a natureza enquanto forças congruentes. Antes dele, o único brasileiro a ganhar esse prêmio foi Oscar Niemeyer, em 1988.


ARQUITETURA
A arquitetura de Paulo Mendes da Rocha costuma ser apontada como um exemplo paradigmático do pensamento estético que caracteriza aquilo que é chamado de Escola Paulista da arquitetura brasileira, uma linha de projeto que foi encabeçada pela figura de João Batista Vilanova Artigas e bastante difundida na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, escola na qual Mendes da Rocha viria a ser professor. A Escola Paulista (obviamente chamada assim pois tornou-se famosa nas mãos de arquitetos paulistas ou que trabalharam principalmente em São Paulo), apesar de bastante criticada nas últimas décadas pelo seu alto custo social e econômico, preocupava-se essencialmente com a promoção de uma arquitetura “crua, limpa, clara e socialmente responsável” (de uma certa maneira, influenciada pelos ideais estéticos do Brutalismo europeu), e apresentava soluções formais que supostamente permitiriam a imediata apreensão, por parte dos usuários da arquitetura, dos ideais de economia e síntese espacial expostos em seus elementos formais, dentro de um raciocínio que se convencionou chamar de verdade estrutural da arquitetura.
Na obra de Paulo Mendes da Rocha vários destes elementos aparecem, reunidos segundo uma clara intenção espacial evidenciada pelas escolhas de projeto arquitetônico. É uma obra em que a influência dos ditos “mestres da Arquitetura Moderna” transparece: a preocupação com uma arquitetura que mesmo sintética e limpa se exprime pelos detalhes construtivos rigorosamente estudados (Mies van der Rohe), o concreto aparente aliado aos grandes vãos nos quais a relação indivíduo-espaço é ora íntima e ora monumental (Vilanova Artigas), a arquitetura formalista procurando denotar a funcionalidade (Le Corbusier), a busca de espaços supostamente incentivadores do convívio humano, dentro de um projeto de cidade e de sociedade (Rino Levi, Artigas, Alvar Aalto, etc).
As obras de Paulo Mendes acabaram caracterizando-se por uma atitude rígida, certeira sobre o território: o arquiteto acredita que o domínio do sítio – seja através da mudança da topografia, de sua completa redefinição ou mesmo de uma mera ação sobre os fluxos de circulação do entorno – é um elemento fundamental na expressão do domínio e da integração do homem sobre e com a Natureza.


DESTAQUE INTERNACIONAL
Com várias obras vencedoras em concursos públicos, Paulo Mendes da Rocha é autor do projeto do Pavilhão Oficial do Brasil na Expo 70, em Osaka, no Japão; esteve entre os finalistas premiados no concurso para o anteprojeto do Centro Cultural Georges Pompidou, em Paris (1971); projetou o Museu Brasileiro da Escultura-MUBE, em São Paulo (1987), obra que lhe valeu a indicação para o I prêmio Mies van der Rohe, de arquitetura latino-americana, organizado pela Fundação Mies van der Rohe (1999).
Sua obra de arquiteto também desdobrou-se numa intensa atividade de conferencista, que o levou a ser convidado para diversos eventos no país e no exterior, entre eles o seminário internacional do Colégio de Arquitetos de Málaga, Espanha (1990); a “Less is more Exhibition”, realizada pelo Colégio de Arquitetos de Catalunya (1996); a Anybody Conference, em Buenos Aires (1996); a XI Bienal de Arquitetura do Chile (1997); os Cursos da Arrábida, da Expo 98, em Lisboa; além de participar de ciclos de aulas e conferências nas universidades do Minho, Porto e Coimbra, em Portugal (1999) e na Escola de Arquitetura de la Coruña, em Santiago de Compostela, e na Sede do Colégio de Arquitetos da Galícia, Espanha (1999).
Entre várias exposições internacionais, podem ser destacadas sua participação, com o Grande Prêmio “Presidência da República” na VI Bienal de São Paulo (1961) e salas especiais, na X e XX Bienal Internacional de São Paulo (1968 e 1988); na V Bienal de La Habana, em Cuba (1994); Grande Prêmio Latino-Americano na X Bienal de Arquitetura do Colégio de Arquitetos do Chile (1995), no segmento 100 Days– 100 Guests, na X Documenta de Kassel, Alemanha (1997); Prêmio “Trayetoria Profisional” exequo na I Bienal Iberoamericana de Arquitectura e Engenieria Civil, Madrid-Espanha (1998); Prêmio “Ministério da Cultura” por expressiva participação no cenário artístico e cultural brasileiro e destacada atuação em seu ramo de atividade, (1998); exposição exclusiva na Architectural Association School of Architecture, de Londres (1999); Prêmio “Vitruvio 99” de Arquitetura Latinoamericana, outorgado pelo Museo Nacional de Bellas Artes, Buenos Aires (2000), e recebeu o Prêmio Mies van der Rohe, de Arquitetura Latinoamericana, Barcelona (2000).
Paulo Mendes da Rocha foi escolhido como um dos representantes da arquitetura brasileira da 7ª Mostra de Arquitetura da Bienal de Veneza, 2000.
Em 2006, ele recebeu o prêmio Pritzker, como já mencionado acima.
Sua obra está publicada em diversas revistas nacionais e internacionais e também em livros:
Editora Gustavo Gili S/A., Barcelona, 1996, Editorial Blau, Ltda., Lisboa , l996, Cosac & Naify , São Paulo, 2000, Romano Guerra Editora, São Paulo, 2002 e Verlag Niggli AG, Zürich, 2002.


CONSIDERAÇÕES FINAIS
Paulo Mendes da Rocha é especial. Arquiteto-cidadão brilhante, ele luta por um mundo melhor. Sua obra é reconhecida internacionalmente e não é de hoje que lhe são conferidos prêmios importantes, como o Grande Prêmio ‘residência da República na VI Bienal de São Paulo’ em 1961, e o prêmio Mies Van der Rohe de Arquitetura, em Barcelona no ano 2000. Mendes da Rocha enche o País de orgulho, assim como todos os arquitetos brasileiros, que se sentem representados por ele.”
    Nadia Somekh, diretora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Mackenzie e ex-presidente da Empresa
Municipal de Urbanismo de São Paulo.
Links:
Imagem – Paulo Mendes da Rocha:
Vídeo – Paulo Mendes da Rocha:
Informações:
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/07.026/3302

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