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segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

LEGADO ETERNO DE UM CENTENÁRIO

Lina Bo Bardi, responsável por obras importantíssimas da arquitetura paulistana e 
brasileira, completaria 100 anos no dia 5 de dezembro de 2014. Porém, infelizmente, 
nos deixou em 1992. Mas seu legado é mais que centenário: é eterno. O MASP, o Sesc 
Pompéia e a Casa de Vidro são grandes marcos, os quais sempre serão lembrados e 
admirados por todos, pois são as ideias materializadas de Achillina Bo.


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 Fonte: cmais.com.br
A arquitetura concisa, direta, inteligente de Lina é surpreendente. A simplicidade e 
riqueza fazem dela uma verdadeira mestra no pensar e no fazer arquitetônico.
Lina.jpg Fonte: www.revistabrasileiros.com.br
Lina Bo Bardi, a mulher responsável pelo MASP e por outros marcos da arquitetura 
paulistana e brasileira, por exemplo em Recife e Salvador, é centenária. Imigrante 
fugida dos regimes totalitários da Europa, Lina nos trouxe uma arquitetura concisa, direta, 
inteligente. Brutal. O tecido urbano de São Paulo tem, na sua imagem, a materialização 
das ideias de Lina. A arquitetura paulistana tem, em sua essência, os traços de Lina. 
O centenário tem, como principal objetivo, homenagear, de formas e formas, uma 
mestra na arte de arquitetar.
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Fonte: www.cbre.com.br
Há 100 anos nascia Achillina Bo, a querida Lina. Graduou-se em Arquitetura & 
Urbanismo na Universidade de Roma e veio para o Brasil em 1946 com seu 
marido Pietro Maria Bardi. Naturalizou-se brasileira. 
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Lina e Pietro em 1951 Fonte: divirta-se.uai.com.br
Em São Paulo, naquela época, tínhamos a figura do rico comunicador Assis Chateaubriand,
 que estava insatisfeito com a cultura paulistana e decidiu investir na ideia de outro museu 
(na época, São Paulo contava apenas com o Liceu de Artes e Ofícios, que era da década 
de 1880).
Chateaubriand precisava, primeiramente, de um consultor de arte. Ficou sabendo que um 
imigrante italiano estava no Brasil e poderia ajudar. Tal imigrante era Pietro Maria. Sendo 
assim, Assis também conheceu Lina, para qual designaria o projeto do novo museu da 
cidade, o qual se localizaria no alto do Vale do Anhangabaú, de frente para o Parque 
Trianon, num terreno cedido pela prefeitura da capital.
A arquiteta pensou numa forma que seguisse a Av. Paulista, uma forma que pudesse 
dar continuidade e monumentalidade, o que é muito difícil. O mais marcante do externo é, 
sem dúvidas, o vão livre. Nele, o desígnio de Lina se concretiza: um lugar para o convívio, 
para viver o espaço, para transformá-lo em lugar.
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Fonte: decracha.com.br
Internamente é impossível saber o que mais se destaca. Pietro Maria Bardi conseguiu 
obras raríssimas (Van Gogh, Delacroix, Gauguin, etc.) por preços quase irrisórios. 
Assis Chateaubriand investiu bastante e teve retorno. No MASP nós temos França, 
Itália, Brasil. O Mundo.
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Pietro Maria Bardi ao lado das obras que chegaram de navio. Na caixa que contém as preciosidades, pode-se ler "
Assis Chateaubriand - Museu de Arte de São Paulo, Brasil" Fonte: masp.art.br
Achillina, além do MASP, possui outras obras que são marcos, que são ilustres, 
que são belas. O Sesc Pompéia é tudo isso e mais um pouco.
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Fonte: cbre.com.br
A antiga fábrica de tambores da Pompéia ganhou três vizinhos prismáticos de 
proporções gigantescas. Dois prismas retangulares e um cilindro. Os primeiros 
foram moldados com madeira e algumas placas de plástico, conferindo as linhas 
externas tão marcantes. As lajes são de concreto protendido. As 70 seções de um 
metro do segundo, o cilindro, foram moldadas em troncos de cone, o que conferiu 
uma inclinação às laterais, fazendo com que cada seção se encaixasse na outra e 
que sobrasse uma saliência para cada metro, resultando num aspecto único.
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Fonte: universes-in-universe.org
As passarelas que ligam o prisma menor ao maior são, talvez, os pontos mais marcantes 
do exterior da obra. Cada passarela, apesar de seguir os padrões de dois metros de 
largura e um metro de peitoril, tem a sua peculiaridade. Umas começam em V e 
terminam perpendiculares, outras começam perpendiculares e desembocam num Y, 
etc. Isso é Lina. Essa simplicidade complexa que resulta na beleza arquitetônica que 
encanta os olhos.
Além disso, internamente, a obra possui blocos à mostra, concreto aparente, 
chapiscos, etc. Tudo pensado. As janelas irregulares, moldadas por isopores inseridos 
na concretagem, bem como o aspecto interno citado, traduzem as características 
simplistas da arquitetura rica de Lina Bo Bardi.
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Fonte: revistaveneza.wordpress.com
Em 1951, Lina projeta a Casa de Vidro, no Morumbi, a qual servirá de residência para 
ela e Pietro Maria. Desde 1990 a residência funciona como o Instituto Lina Bo e P.M. 
Bardi, onde há o acervo pessoal do casal. Neste, há objetos, móveis, obras de arte, 
milhares de desenhos e escritos de Lina, além de registros fotográficos. O acervo é 
um dos grandes responsáveis por apresentar importantes conceitos da arte e arquitetura 
no Brasil.

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Fonte: www.vitruvius.com.br
Achillina Bo. Personalidade forte, marcante. Ideias concisas, transcendentais. 
Projetos únicos, monumentais. Arquiteta ítalo-brasileira, visionária. Artisticamente 
e arquitetonicamente singular, centenária.
Lina não fez só arquitetura, pensou. Fez arte na sua casa, com seu marido. 
Fez cinema no nordeste, com Glauber Rocha. E muito mais. Foi além.
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Croqui de Lina Bo Bardi Fonte: OLIVEIRA, Olivia de. Lina Bo Bardi: sutis substâncias da arquitetura. São Paulo, 2006. Página 134.
E que todos possam admirar, refletir e se felicitar com o trabalho da mestra Bo Bardi. 
Simplicidade e riqueza arquitetônica caminhando juntas: vemos na obra de Lina. 
Concisão, seção, paixão: vemos em Lina e em sua obra. Que esta arquitetura 
centenária viva para sempre, pois ela é a materialização do ideário de 
Achillina Bo, a Lina Bo Bardi.

Fonte: http://lounge.obviousmag.org/isso_nao_e_um_blog/2014/04/legado
-eterno-de-um-centenario.html




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