LEGADO ETERNO DE UM CENTENÁRIO
Fonte: cmais.com.br
A arquitetura concisa, direta, inteligente de Lina é surpreendente. A simplicidade e
riqueza fazem dela uma verdadeira mestra no pensar e no fazer arquitetônico.
Lina Bo Bardi, a mulher responsável pelo MASP e por outros marcos da arquitetura
paulistana e brasileira, por exemplo em Recife e Salvador, é centenária. Imigrante
fugida dos regimes totalitários da Europa, Lina nos trouxe uma arquitetura concisa, direta,
inteligente. Brutal. O tecido urbano de São Paulo tem, na sua imagem, a materialização
das ideias de Lina. A arquitetura paulistana tem, em sua essência, os traços de Lina.
O centenário tem, como principal objetivo, homenagear, de formas e formas, uma
mestra na arte de arquitetar.
Fonte: www.cbre.com.br
Há 100 anos nascia Achillina Bo, a querida Lina. Graduou-se em Arquitetura &
Urbanismo na Universidade de Roma e veio para o Brasil em 1946 com seu
marido Pietro Maria Bardi. Naturalizou-se brasileira.
Lina e Pietro em 1951 Fonte: divirta-se.uai.com.br
Em São Paulo, naquela época, tínhamos a figura do rico comunicador Assis Chateaubriand,
que estava insatisfeito com a cultura paulistana e decidiu investir na ideia de outro museu
(na época, São Paulo contava apenas com o Liceu de Artes e Ofícios, que era da década
de 1880).
Chateaubriand precisava, primeiramente, de um consultor de arte. Ficou sabendo que um
imigrante italiano estava no Brasil e poderia ajudar. Tal imigrante era Pietro Maria. Sendo
assim, Assis também conheceu Lina, para qual designaria o projeto do novo museu da
cidade, o qual se localizaria no alto do Vale do Anhangabaú, de frente para o Parque
Trianon, num terreno cedido pela prefeitura da capital.
A arquiteta pensou numa forma que seguisse a Av. Paulista, uma forma que pudesse
dar continuidade e monumentalidade, o que é muito difícil. O mais marcante do externo é,
sem dúvidas, o vão livre. Nele, o desígnio de Lina se concretiza: um lugar para o convívio,
para viver o espaço, para transformá-lo em lugar.
Fonte: decracha.com.br
Internamente é impossível saber o que mais se destaca. Pietro Maria Bardi conseguiu
obras raríssimas (Van Gogh, Delacroix, Gauguin, etc.) por preços quase irrisórios.
Assis Chateaubriand investiu bastante e teve retorno. No MASP nós temos França,
Itália, Brasil. O Mundo.
Pietro Maria Bardi ao lado das obras que chegaram de navio. Na caixa que contém as preciosidades, pode-se ler "
Assis Chateaubriand - Museu de Arte de São Paulo, Brasil" Fonte: masp.art.br
Achillina, além do MASP, possui outras obras que são marcos, que são ilustres,
que são belas. O Sesc Pompéia é tudo isso e mais um pouco.
Fonte: cbre.com.br
A antiga fábrica de tambores da Pompéia ganhou três vizinhos prismáticos de
proporções gigantescas. Dois prismas retangulares e um cilindro. Os primeiros
foram moldados com madeira e algumas placas de plástico, conferindo as linhas
externas tão marcantes. As lajes são de concreto protendido. As 70 seções de um
metro do segundo, o cilindro, foram moldadas em troncos de cone, o que conferiu
uma inclinação às laterais, fazendo com que cada seção se encaixasse na outra e
que sobrasse uma saliência para cada metro, resultando num aspecto único.
Fonte: universes-in-universe.org
As passarelas que ligam o prisma menor ao maior são, talvez, os pontos mais marcantes
do exterior da obra. Cada passarela, apesar de seguir os padrões de dois metros de
largura e um metro de peitoril, tem a sua peculiaridade. Umas começam em V e
terminam perpendiculares, outras começam perpendiculares e desembocam num Y,
etc. Isso é Lina. Essa simplicidade complexa que resulta na beleza arquitetônica que
encanta os olhos.
Além disso, internamente, a obra possui blocos à mostra, concreto aparente,
chapiscos, etc. Tudo pensado. As janelas irregulares, moldadas por isopores inseridos
na concretagem, bem como o aspecto interno citado, traduzem as características
simplistas da arquitetura rica de Lina Bo Bardi.
Fonte: revistaveneza.wordpress.com
Em 1951, Lina projeta a Casa de Vidro, no Morumbi, a qual servirá de residência para
ela e Pietro Maria. Desde 1990 a residência funciona como o Instituto Lina Bo e P.M.
Bardi, onde há o acervo pessoal do casal. Neste, há objetos, móveis, obras de arte,
milhares de desenhos e escritos de Lina, além de registros fotográficos. O acervo é
um dos grandes responsáveis por apresentar importantes conceitos da arte e arquitetura
no Brasil.
Fonte: www.vitruvius.com.br
Achillina Bo. Personalidade forte, marcante. Ideias concisas, transcendentais.
Projetos únicos, monumentais. Arquiteta ítalo-brasileira, visionária. Artisticamente
e arquitetonicamente singular, centenária.
Lina não fez só arquitetura, pensou. Fez arte na sua casa, com seu marido.
Fez cinema no nordeste, com Glauber Rocha. E muito mais. Foi além.
Croqui de Lina Bo Bardi Fonte: OLIVEIRA, Olivia de. Lina Bo Bardi: sutis substâncias da arquitetura. São Paulo, 2006. Página 134.
E que todos possam admirar, refletir e se felicitar com o trabalho da mestra Bo Bardi.
Simplicidade e riqueza arquitetônica caminhando juntas: vemos na obra de Lina.
Concisão, seção, paixão: vemos em Lina e em sua obra. Que esta arquitetura
centenária viva para sempre, pois ela é a materialização do ideário de
Achillina Bo, a Lina Bo Bardi.
Fonte: http://lounge.obviousmag.org/isso_nao_e_um_blog/2014/04/legado
-eterno-de-um-centenario.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário