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quarta-feira, 1 de outubro de 2014

CIDADE E SEGREGAÇÃO

PLANEJAMENTO URBANO QUE ESTIMULA SEGREGAÇÃO E DESIGUALDADE SOCIAL

goiânia
GOIÂNIA
O Surgimento de uma nova classe social, o inchaço decorrente do crescimento populacional exacerbado, a transformação nos meios de transporte e produção gerados a partir de uma nova ordem urbanística que emerge no contexto urbano(por conta da Revolução Industrial) , fazem surgir novas problemáticas relacionadas a esse novo espaçamento urbano gerando discussões,  modelos e propostas de planejamento urbano.
O desenho urbano passa a ser então, uma questão que propõe uma análise das diferentes dimensões da cidade e de sua respectiva compreensão dessa nova realidade do meio urbano. Era a necessidade de se ordenar a “desorganização urbana” provocada de expansão urbana. A partir da década de 1930 com o CIAM (Congrès Internationaux d’Architecture Moderne), que assumiu uma orientação com relação às posturas vinculadas a arquitetura e as intervenções urbanas e sociais, houve uma multiplicação nas intervenções urbanísticas e no surgimento de projetos que evocavam cada vez mais o zoneamento do espaço urbano (surgido da hierarquização dos espaços, das suas funções sociais, psicológicas, seus usos, promovendo segregação de classes mais baixas.)
Esses modelos que surgiram interferem de modo cada vez mais constante no desenho urbano das cidades e no seu planejamento, evocam uma construção torpe de cidadania, a partir de modelos sociais não correspondentes ao real que prevalece na cidade e chegam a encarnar futuros alternativos, a partir de um conceito de modernidade que em termos práticos não está sendo aplicado nesses projetos. É uma idealização utópica de futuro das cidades e de uma sociedade segundo interesses que não culminam nos interesses do todo, que estão baseados em causas inexistentes e em uma teoria totalmente descontextualizada.
Muitos desses discursos que buscam justificar toda a idéia ilusória em que estão baseados esses projetos urbanísticos surgem em sua maioria de interesses de agentes urbanos e de promotores do espaço público, que buscam a especularização das cidades e de seus espaços através de traços desertificantes da modernização, “as nossas cidades são apenas a fachada mais visível da atual mundialização desintegradora do capitalismo. (ARANTES, 2001, p.129)”.
O modelo dos CIAM apela diretamente para que a autoridade estatal institua o planejamento total do espaço construído que, segundo a teoria, constitui essas condições e permite a implementação de seus planos-diretores do futuro. O apelo privilegia o desenvolvimento do próprio aparelho do estado moderno como o supremo poder planejador. Exatamente por causa dessa ênfase, as elites empenhadas na construção do estado, quaisquer que sejam suas convicçõs políticas adotaram o modelo do planejameno urbano do CIAM (…). (HOLSTON, 1996, p.246)
Umas das principais reflexões críticas acerca do cotidiano da vida urbana contemporânea, tematizada em diferentes campos refere-se ao processo denominado “espetacularização urbana” em alusão as nefastas conseqüências do processo de privatização dos espaços públicos pela especularização imobiliária e a conseqüente gentrificação (enobrecimento de áreas com expulsão da população mais pobre) das cidades contemporâneas. Em tais processos, o ambiente urbano tende a se caracterizar com uma cenografia e a experiência urbana cotidiana, por sua vez, então acaba resumida a utilização e circulação disciplinadas por princípios segregatórios, conservadores e despolitizadores que conferem um sentido mercadológico, turístico e consumista ao seu modo de operação. (JACQUES, 2009)
O que tem se visto em muitas cidades é discurso de plano de expansão, desenvolvimento e qualidade de vida no espaço urbano. No geral muitas empresas imobiliárias o evocam como justificador pra ações que parte apenas ao interesse econômico das mesmas e em certos casos até de interesses político partidários.  O desenho urbano fica a mercê de interesses de uma minoria, segrega os mais pobres e definitivamente empobrece a experiência urbana de certos espaços, não leva em real consideração as verdadeiras necessidades de intervenção, do planejamento urbano como um todo gerando ainda mais problemas para o espaço urbano (transporte público, problemas infraestruturais, acesso a educação de qualidade, e a desigualdade social como um todo).
Vale pra nós, estudantes/arquitetos e urbanistas/cidadãos questionarmos mais sobre a experiência urbana que tem sido empobrecida e é cada vez mais segregadora, temos que pensar no que temos feito de nossas cidades por nós e pelos tantos outros que a fazem parte dela.
Indico para leitura o texto do Flávio Villaça, São Paulo: segregação urbana e desigualdade; Urbanismo em fim de linha do Arantes;  O estado capitalista e a questão urbana do Jean Lojkine; Paisagens  urbanas pós-modernas: mapeando cultura e poder do Zukin, publicado  na Revista do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (IPHAN) e o texto Segregação espacial urbana do site do professor adjunto do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFSC, Renato Saboya, em que eu particularmente gostei de alguns textos e de algumas referências por ele utilizadas.  E os seguintes textos encontrados no site do Vitruvius Que cidade estamos construindo?; Qualidade urbana contemporânea; Desordem na cidade?. Vale a pena dar uma olhada nesses textos.

Fonte: http://portalarquitetonico.com.br/cidade-e-segregacao/

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