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terça-feira, 3 de junho de 2014

Frank Lloyd Wright 


Introdução


A trajetória profissional de Frank Lloyd Wright (1869-1959) foi constituída por uma tentativa de expressar o que ele denominava “arquitetura orgânica”.
Arquitetura essa que a partir de um lugar eleito por Wright como centro de seu projeto, se abre para as diversas funções da casa como um organismo vivo. Não apenas um organismo de formas irregulares ou características volumétricas que lembram a natureza, mas uma construção que faz uma leitura ao seu redor, que considera os materiais e características da região. E é assim que as casas de Wright acoplam no terreno como se um dia ela realmente estivesse brotado dali.


Frank Lloyd Wright Arquiteto norte-americano (8/6/1867-9/4/1959). Aplicou princípios de arquitetura na construção civil e projetou mais de mil estruturas famosas em todo o mundo. Nasce em Richland Center. Aos 15 anos entra para a Universidade de Wisconsin como aluno especial para estudar engenharia civil porque lá não havia o curso de arquitetura.
 Em 1887 vai para Chicago trabalhar como desenhista. Associa-se, no ano seguinte, ao arquiteto Louis Sullivan e, em breve, torna-se independente. Desenvolve o estilo conhecido por Prairie, de casas com telhados baixos.
Em 1904 desenha o edifício Larkin Building, em Nova York, e, em 1906, o Unity Temple, em Oak Park. Visita o Japão, onde desenha o Hotel Imperial, em Tóquio (1916), e a Europa. Apesar da Depressão nos anos 30, Wright cria a Taliesin Fellowship, escola onde os alunos trabalham e avaliam os problemas da construção, mesmo ano em que publica sua autobiografia, ampliada em 1943.
 A partir de meados dessa década e até a II Guerra Mundial desenvolve seus trabalhos mais importantes: Fallingwater, uma luxuosa casa na Pensylvannia, o S.C. Jonhson and Son Administration Building, a primeira casa Jacobs e uma série de outras do tipo faça-você-mesmo, chamadas Usonian.
Ganha a medalha de ouro pelo Royal Institut of British Architects em 1941 (prêmio similar recebido apenas em 1949 pelo Instituto Americano de Arquitetura). Morre em Phoenix.







Arquitetura Orgânica


Ao longo da história houve duas tendências na arquitetura que se fizeram presentes em todas as culturas a racional e o geométrico, outra para o orgânico.
Desde o início da civilização houve cidades planejadas de acordo com esquemas regulares e cidades que cresceram organicamente. Trata-se de duas concepções diferentes, não podendo considerar uma superior a outra.
Para Argan, orgânico é justamente o termo com que se designa a lei vital ou de decrescimento da realidade. Já na terminologia crítica da arquitetura moderna, o termo orgânico já substitui o termo racional, invertendo-lhe o significado.
Já para Sullivan orgânico significa a procura de realidades, e assim Giedion em seu livro Espaço, Tempo e Arquitetura descreve alguns pensamentos de Sullivan sobre esse termo analisado:

“Por volta de 1900, em sua obra Kindergarten Chats [Conversas de jardim de infância], Louis Sullivan tentou chegar ao verdadeiro sentido do termo Arquitetura Orgânica, embora por contraste, explorando o que a palavra orgânico não queria dizer. Orgânico, afirmava ele, quer dizer vivo, quer dizer desenvolvimento, e não, como na arquitetura dominante em 1900, “lamentável em sua frivolidade,...com funções sem formas, formas sem funções; detalhes incongruentes com as massas e massas somente congruentes com tudo o que seja frivolidade...”. (ARGAN, 2001, PÁG. 272)

Sullivan foi um possuidor de um intenso interesse pelas ciências e pela engenharia e uma aguda sensibilidade pelos problemas sociais. Sullivan herdou de Morris e de Ruskin uma concepção religiosa da vida, e exatamente do naturalismo o qual Wright traz para sua construção ideológica de uma “vida orgânica”. Assim, Argan acrescenta em seu livro algumas definições sobre essa ideologia de Wright:

“...o conceito de uma “vida orgânica” que é da natureza como do homem, ser perfeitamente dotado para receber e transmitir os impulsos vitais emanados da natureza, de Deus ou antes de um Infinito Espírito Criador reconhecível e ativo em todas as formas da realidade; de uma criação longe de ter sido concluída no ato autoritário de um deus pessoal, mas em contínuo progresso; de uma arte como processo criativo suscitado pela experiência ou como prolongamento no homem daquela ação criadora, e por isso oposta ao intelectualismo da composição e representação e pensada, ao contrário, como crescimento e organização de formas vitais; de uma espiritualidade humana que se realiza justamente nesse colocar-se, com a prática e portanto com o trabalho, como o prolongamento da criação; de uma sociedade enfim, perfeitamente democrática, entendida como fraternidade e cooperação de indivíduos igualmente investidos de um direito natural.” (ARGAN, 2001, PÁG. 272)




Em 1908, Wright estabeleceu as seis características da arquitetura orgânica, de acordo com o capítulo IX, da obra Historia de la Aquitectura Moderna de Bruno Zevi:



1) Simplicidade, eliminação do que não é essencial. Assim, o único segredo da simplicidade é que não se pode considerar nada como simples por si mesmo, as coisas devem conquistar a simplicidade. Dessa forma, sabe-se o que se deve abandonar em um projeto ou acrescenta-lo quando já se educou no conhecimento da simplicidade.
2) Ter tantos estilos na arquitetura como estilos de pessoas. Wright por ter vivido em uma sociedade que não sofreu com os problemas de pós-guerras e de crises econômicas, odeia as regras e os standards.
3) O edifício deve ser concebido como feito orgânico. Foi dito por Wright em 1901, que a natureza tem proporcionado o material para os temas arquitetônicos dos quais há surgido as formas que conhecemos.
4) Cores que harmonizem com as formas naturais. Em sua maior parte as casas racionalistas são brancas, em nome de um ideal volumétrico puro. Mas essa questão é problemática, pois há algo pulsante nos edifícios de Wright que são as cores escolhidas de acordo com as variações dos materiais utilizados.
5) Mostrar os materiais como são. Para Wright todo material tem sua mensagem e, para o artista criador, sua poesia.
6) Uma casa com caráter, que expresse sua função.
 





Arquitetura Orgânica e sua influência na arquitetura de Frank Lloyd Wright





A trajetória profissional de Wright foi constituída por uma tentativa de expressar o que ele denominava “arquitetura orgânica”. Em janeiro de 1940 Wright deu uma palestra a fim de definir e explicar essa arquitetura orgânica.
Na residência Taliesin há uma bela vista ao fundo com um cume de uma colina, neste local em julho de 1939, Giedion interroga Wright sobre a regularidade do terreno, imaginando-a ser artificial. Wright respondeu: Não, é o terreno natural, nunca construo casas no alto de uma colina. Eu as construo ao seu redor, como uma sobrancelha.

“Quando ficou isolado e sem apoio público, e a América se voltou contra ele, Wright até construiu casas nas dobras do terreno, que pareciam converter-se em natureza e originar-se dela. Porém, mesmo em suas primeiras casas, como a casa Coonley de 1911, com seus beirais que se prolongam para além das paredes e suas plantas que se estendiam ao longo dos elementos em balanço, podemos constatar esta tendência de fundir a casa com seu entorno, de modo que com freqüência é impossível dizer onde a casa começa.” (GIEDION, 2004, PÁG. 444)

A unidade espacial buscada por Wright resulta em uma casa fechada. Dessa maneira, há críticas em relação ao baixo pé-direito e beirais que se prolonga para além das paredes, o resultado arquitetônico é de um ambiente um tanto escuro. Assim, podem-se notar essas características geralmente em suas casas do período de Chicago (exemplos, casa Martin e casa Robie).
Wright optava sempre por materiais extraídos diretamente da natureza, paredes de pedra bruta, pisos de granito bruto e madeiras rústicas, sem acabamento. Dessa forma, nota-se sua propensão para o orgânico.

“Wright vincula a habitação humana ao solo o mais intimamente possível, introduzindo-o dentro da casa na forma de paredes rústicas. O terreno adere à casa como, nas palavras de Louis Sullivan, uma “realidade que se apreende com todos os dez dedos”. Para Wright a casa era um abrigo, um refúgio onde o animal humano pode se isolar como numa caverna, protegido da chuva e do vento- e da luz. Lá ele pode se recolher em plena segurança e quietude, como um animal em sua toca. ”
(GIEDION, 2004, PÁG. 445)







Casas de Frank Lloyd Wright


Casa e Estudio de Write, 1889






































































































REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALAN HESS, Alan Weintraub. Las casas de Frank Lloyd Wright. Gustavo Gili, Barcelona, 2006.


ARGAN, Giulio Carlo. Projeto e Destino. Ática, São Paulo, 2001.


BENÉVOLO, Leonardo. História da arquitetura moderna. Perspectiva, São Paulo, 1976.


FRAMPTON, Kenneth. In: História Crítica da Arquitetura Moderna. São Paulo: Martins Fontes, 1997.


GIEDION. In: Espaço, Tempo e Arquitetura - O Desenvolvimento de uma Nova Tradição. São Paulo: Martins Fontes, 2004.


ZEVI, Bruno. Historia de la Aquitectura Moderna. Emecé, Buenos Aires.


Por:  NATÁLIA SÁVIO SILVA ESTEVES em: 18 DE NOVEMBRO DE 2008

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