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segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

10 razões pelas quais uma cidade precisa de planejamento urbano

O site Urbantimes.co publicou um artigo com 10 razões pelas quais uma cidade precisa de planejamento urbano.
Este texto aponta como o planejamento pode ajudar em muitos aspectos as autoridades locais a governar um território. “Um bom planejamento pode ajudar os líderes da cidade a impulsionar transformações construtivas.”
As razões a seguir:
1. Um plano para o crescimento
As cidades prósperas têm uma visão de que devem seguir através de um plano para alcançar um desenvolvimento de maneira ordenada. Não se trata de um controle centralizado, mas de uma forma de antecipar as necessidades, coordenar esforços e estabelecer um caminho para um horizonte que se constrói de forma coletiva. São conhecidos os grandes esforços para melhorar a habitabilidade, a prosperidade e a igualdade que tem espaço em várias cidades. Tal impacto transformador não é um produto da espontaneidade, mas de um planejamento construtivo.
2. Uma cidade planejada é uma cidade bem preparada
Antecipar o futuro nos permite estar mais preparados hoje. Para manter-se na vanguarda dos desafios, os líderes da cidade devem estar dispostos a ver as oportunidades e gerenciar os riscos. Com informações confiáveis sobre a situação atual, é possível ser capaz de fazer conexões entre a visão em longo prazo e ações em curto prazo. As cidades que não planejam ativamente seu futuro provavelmente ficam para trás. 
3. O planejamento melhora o impacto
Os líderes locais são elogiados por oferecer melhorias. Dada a magnitude dos desafios que as cidades enfrentam, é pouco provável que todas as melhorias desejadas aconteçam de uma vez. As cidades bem sucedidas constroem planos pela realização de projetos prioritários que estão alinhados com a visão em longo prazo. O planejamento identifica questões urgentes com os recursos disponíveis e assegura que as iniciativas não sejam redundantes ou tenham direcionamentos diversos.
4. Uma forma urbana adequada é muito importante
Moradia, emprego, acessibilidade e segurança são as principais preocupações dos habitantes urbanos. Estes temas estão fortemente relacionados à forma urbana. As políticas adequadas de densidade, uso do solo, espaço público e projeto de infraestrutura e serviços podem fazer a diferença na qualidade de vida a um preço justo. O projeto de um modelo espacial que responda as preocupações dos cidadãos é um meio para proporcionar uma cidade melhor.
5. Um bom planejamento urbano tem impacto positivo na economia urbana
Certificar-se de que há abundância de empregos em uma cidade é uma prioridade para os líderes locais. As cidades competem para atrair investimentos com o objetivo de gerar atividade econômica. O planejamento coordena a localização e distribuição espacial das atividades econômicas e facilita a captura de valor do investimento público.
6. Um plano de propriedade coletiva permite a construção de relacionamentos duradouros
Os líderes da cidade que são capazes de ver a oportunidade em uma boa urbanização devem envolver todas as partes interessadas possíveis para alcançar um bom objetivo. Uma estrutura de participação coletiva dá aos líderes locais um roteiro para alcançar os cidadãos, dinamizar os departamentos e mobilizar os associados para que se envolvam na realização de uma mesma visão.
7. Uma perspectiva territorial mais ampla ajuda as cidades a alcançar economias de escala
As cidades não operam do vazio. Sua presença está associada a uma região com a qual compartilha recursos e oportunidades. Ao invés de apenas olhar dentro dos limites municipais, as cidades que planejam juntas podem ter uma vantagem competitiva ao realizar uma coordenação entre municípios. Além da eficácia espacial, isto permite ter economias de escala para aumentar seu poder de negociação.
8. Continuidade gera credibilidade
As cidades bem sucedidas garantem a continuidade de seus planos mesmo que os ciclos políticos mudem, ao perceber que uma rota estável tem mais credibilidade. O investimento é em longo prazo e se beneficia com as condições previsíveis. O ordenamento do território é um trunfo para reduzir a incerteza e assim sua continuidade contribui para a criação de oportunidades transparentes para uma sociedade comprometida.
9. Antecipar é mais efetivo e melhor para a economia do que reagir a problemas
Os líderes locais têm a oportunidade de conduzir a mudança construtiva se afastando do laissez faire. As cidades que planejam a escala têm condições de antecipar ao invés de reagir, portanto, são capazes de enfrentar a raiz do problema. Padrões espaciais não planejados são ineficientes e necessitam de mais recursos para se manter, e o alto custo de tomar decisões ruins e não tomar nenhuma decisão pode fazer com que os erros sejam irreversíveis.
10. Um plano coerente de comunicação
A comunicação é um elemento chave para as cidades, mas a oportunidade de conectar e transmitir as vantagens de uma cidade pode ser prejudicada por mensagens vazias ou contraditórias. Impulso e apoio aumentam quando o líder local pode demonstrar que o progresso é consistente com a visão coletiva e o plano de ação.

Via ArchDaily Brasil. Tradução de Naiane Marcon.
Fonte: http://www.cidadessustentaveis.org.br/noticias/10-razoes-pelas-quais-uma-cidade-precisa-de-planejamento-urbano
MORTE E VIDA DE GRANDES CIDADES

Neste livro, Jane Jacobs escreve sobre o que torna as ruas seguras ou inseguras; sobre o que vem a ser um bairro e sua função dentro do complexo organismo que é a cidade; sobre os motivos que fazem um bairro permanecer pobre enquanto outros se revitalizam. A autora explica o papel benéfico das casas funerárias e das janelas das moradias, os perigos do excesso de dinheiro para a construção e os perigos da escassez de diversidades.

Vida e Morte de grandes cidades


Olá pessoal, nas últimas semanas estamos tendo nas aulas de Cidade e Habitação um debate muito bom sobre o livro Vida e Morte de grandes cidades. Andei pesquisando pela internet e achei o texto abaixo no site http://www.vitruvius.com.br, então resolvi compartilhar nesse blog.


Quando Jane Jacobs lançou o seu primeiro livro, em 1961, aos 45 anos de idade, talvez não tivesse idéia do impacto que sua obra teria na consciência dos urbanistas e políticos e nos rumos do planejamento urbano.
Uma conferência em Harvard em 1956 e artigos na imprensa preparam o caminho para a grande receptividade de seu Death and Life of Great American Cities(cujas traduções omitem do título - como a edição brasileira - a especificidade norte-americana de suas análises), que se tornou uma referência crítica seminal contra as doutrinas modernas do urbanismo de meados do século 20.
Jornalista autodidata, colaboradora e mais tarde editora associada da revista Architectural Forum, um marido arquiteto - a quem credita sua cultura urbanística -, Jacobs mantinha um distanciamento crítico do cotidiano dos urbanistas que lhe permitiu escrever um dos mais belos libelos contra as palavras-de-ordem do urbanismo moderno. Ou mais precisamente, das práticas urbanísticas em voga nos Estados Unidos, cujas origens Jacobs identificava nas propostas de Ebenezer Howard e suas cidades-jardins (1898), nas idéias contidas na Ville Radieuse (1935) de Le Corbusier e, em menor grau, o movimento City Beautiful (1893) ideado por Daniel Burnham.
O contexto dos ataques de Jacobs ao urbanismo moderno ortodoxo era o programa norte-americano de renovação urbana das áreas centrais das cidades, do fazer tábula rasa de setores urbanos consolidados, substituídos por megaprojetos de reurbanização nos quais uma arquitetura burocrática ou monumental, viadutos, elevados, vias expressas e florestas de concreto configuravam a nova paisagem das grandes cidades. Fenômeno que extrapolou as fronteiras norte-americanas, banalizando-se enquanto intervenções urbanas tardias em cidades como Caracas ou São Paulo nos anos 1970.
Contra o bucolismo das cidades-jardins, Jacobs defendia a densidade das metrópoles. Todavia, não a ordenada metrópole ideada por Le Corbusier - cujo exemplo mais vigoroso seria Brasília -, mas a cidade tradicional.
Que cidade tradicional, porém?
O sabor dos relatos de Jacobs reside em sua fluente escrita de observadora não-contaminada pelo jargão dos urbanistas e sua vivência como moradora do Greenwich Village em Nova York. Numa etnografia jornalística, a autora procurou identificar no cotidiano de grandes cidades norte-americanas as razões da violência, da sujeira e do abandono, ou o contrário, a boa manutenção, a segurança e a qualidade de vida de lugares que constituíam a cena real das metrópoles, em simetria ao esquematismo dos modos de vida que os planejadores previam em seus modelos urbanos ideais.
Ao contrário das fisicamente imaculadas e espiritualmente vazias proposições modernistas, o caos urbano e o microcosmo dos bairros constituíam uma vida rica e densa de significados. Do registro empírico das maneiras de se apropriar dos lugares (os subtítulos dos textos são diretos: "Os usos das calçadas: segurança, contato, integrando as cri-anças..." etc), Jacobs formulou a crítica aos axiomas do planejamento (separação das funções/zoneamento, a lógica da circulação pelo exaltação do sistema viário, etc) e seu reverso, a prescrição de soluções.
A principal e duradoura lição pregada por Jacobs é a necessidade da diversidade urbana: funções que gerem presença de pessoas em horários diferentes ("a necessidade de usos principais combinados" é um capítulo) e em alta concentração, valorização de esquinas e percursos ( "a necessidade de quadras curtas", outro capítulo), edifícios variados e de diferentes idades ("a necessidade de prédios antigos"), e ressaltando outras medidas profiláticas para uma melhor qualificação urbana: "a subvenção de moradias", "erosão das cidades ou redução dos automóveis", "ordem visual: limitações e potencialidades", "projetos de revitalização", etc.
A clareza da escrita e as posições antimodernistas de Morte e Vida de Grandes Cidades trouxeram grande prestígio à autora, tornando-a uma leitura obrigatória nos cursos de arquitetura e urbanismo, geografia e ciências sociais. Parte de suas idéias lograram grande audiência nos debates urbanísticos dos anos 1970/80, sobretudo com o advento da discussão pós-moderna e sua apologia da diversidade, ao ponto de alimentar tendências díspares do urbanismo como as muitas formas de ativismo comunitário como no discurso de frentes como a Nova Direita norte-americana.
Jacobs é considerada a "mãe" do neoconservador New Urbanism, para desespero de seus defensores, que creditam à vulgarização das idéias da jornalista pelas bobagens a ela atribuídas. David Harvey, anotando sobre o emergir de códigos simbólicos de distinção social na arquitetura e no urbanismo pelo enaltecimento da ornamentação, do embelezamento, pela decoração, comentava:
"Não tenho nenhuma certeza de que tenha sido isso que Jane Jacobs tinha em mente quando criticou o planejamento urbano modernista."
Jane Jacobs mudou-se com a família para Toronto em 1968 (temendo o envolvimento dos filhos na guerra do Vietnã) e tornou-se cidadã canadense em 1974. Aos 84 anos de idade, lançou em março passado seu sexto livro, The Nature of Economies. Mas o prestígio internacional, que a tornou uma guru do planejamento urbano, veio de Morte e Vida de Grandes Cidades, um relato fascinante de uma inquieta ex-moradora da rua Hudson em Nova York. Um livro que, decorridos quase 40 anos de seu lançamento, trouxe retratos e episódios de recantos de cidades norte-americanas que poderiam ser depoimentos de uma época como as de Charles Dickens sobre a Londres da segunda metade do século 19 - e provavelmente de uma São Francisco, Nova York ou Boston que não existem mais.Hugo Segawa

TINHA QUE SER O CHAVES?

Seu Madruga, lá do céu, não mais afirma, mas pergunta: tinha que ser o Chaves? 
Chiquinha abre o berreiro. Dona Florinda é consolada pelo Professor Girafales, que 
não esconde as lágrimas. Quico, ao pé do barril, deixa um sanduíche de presunto e 
chora. Dona Clotilde, ao lado de Seu Madruga, desmaia. Sr. Barriga espera receber 
uma pancada, porém nada - também chora. Há, pela primeira vez, tristeza na Vila. 
Nas terras de Chapolin Colorado, as pessoas se perguntam: E agora, quem poderá 
nos defender? 
Na América e no mundo, crianças, jovens e adultos se juntam em coro: pipipipipipi...


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Fonte: Lr21
Um mestre se foi. Roberto Gómez Bolaños, nascido em 1929, 
foi pai para todos os personagens que criou e educador para todas 
as idades que o assistiram (e assistem).
Um gênio que construiu perfeitamente cada personagem (claro, com a ajuda de 
todo o elenco), procurando fazer com que cada um fosse marcante, mesmo de 
forma simples e pontual.
Cada um de nós deve gratidão a Bolaños.
Falo por mim: só sei o que é uma "epístola" (é uma carabina, só que menorzinha) 
por causa do Chaves; aprendi que "as pessoas boas devem amar seus inimigos"; 
aprendi que o inglês é mais fácil do que a gente pensa; aprendi que dividir o 
pouco que temos com nossos amigos é muito melhor do que ser egoísta; aprendi 
que a gente nem precisa de muito pra dar boas risadas e fazer grandes amizades; 
aprendi que o drama das crianças de rua é muito sério e que precisamos ajudá-las. 
Aprendi, também, que super-herói é aquele que, mesmo com medo, enfrenta seus 
desafios e que o feito mais admirável é arrancar gargalhadas de todos.
Nem tem muito o que dizer. Cada um carrega suas memórias, sua gratidão 
e seus momentos felizes com o Chavinho.
Aqueles momentos de ligar a TV e ver que está passando Chaves. Daí, então,
ficar horas sentado no sofá rindo como se fosse a primeira vez que assistia o 
episódio do leite de burra, do Héctor Bonilla, da morte do Seu Madruga e todos os outros.
Ser criança (jovem ou adulto) e esperar o dia em que repetissem o episódio de Acapulco 
(que considero o melhor); torcer para que o Chaves não fosse acusado de ladrão; tentar saber 
se era o gato ou o Quico; decorar "a que parece de limão, é de groselha e tem gosto de 
tamarindo. A que parece de groselha, é de tamarindo com sabor de limão. E a que parece 
de tamarindo, é de limão com sabor de groselha"; imaginar como o Chapolin iria aparecer 
no episódio; rir e rir no capítulo da "Buzina Paralisadora"... e muito mais.
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Fonte: Terra
Um mestre.
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Fonte: Terra
Um ídolo.
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Fonte: Entrelinhablog
Um gênio.
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Fonte: Folha
"Foi um bom companheiro, amigo, irmão e um dos melhores escritores dos 
últimos tempos no México" Ruben Aguirre
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Fonte: Terra
"Obrigado por fazer tanta gente feliz e por todos os momentos 
maravilhosos que compartilhamos no grupo. Descanse em paz, Roberto" 
Maria Antonieta de Las Nieves
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Fonte: Terra
"Roberto, não se vá, você permanece em meu coração e nos corações de 
todos aqueles a quem você levou alegria. Adeus 'Chavinho', até sempre" Edgar Vivar
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Fonte: Lasegunda
"Para ele, todo meu agradecimento, minha tristeza e minha dor. 
Somente quando se vive a realidade de uma ausência, se descobre o 
verdadeiro sentimento de uma amizade e um grande mestre. Que descanse 
em paz!!! Hoje me sinto triste por seu falecimento." Carlos Villágran
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Fonte: Impedimento
...
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Fonte: Terra
Prometemos despedirmos-nos sem dizer "adeus" jamais... Pois 
haveremos de nos reunirmos.
Você morreu sem perder a vida.
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Fonte: Terra
1929 - 2014
Fonte: http://lounge.obviousmag.org/isso_nao_e_um_blog/2014/11/
tinha-que-ser-o-chaves.html


DISCUSSÕES SOBRE ARQUITETURA

Arquitetos projetam e executam, dentre outras coisas, construções magníficas, edifícios 
que impressionam. Fazem curvas, ângulos retos, parábolas, elipses, cubos, quadrados 
e círculos. Projetam, também, enclaves fortificados, (auto)segregadores, cidades desiguais 
e espraiadas. Agora pergunto: e a arquitetura para quem precisa de arquitetura?

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Fonte: www.namargem.ufscar.br
Quando usamos o Google para pesquisar por "arquitetura", temos a seleção instantânea 
de inúmeras imagens de edifícios lindos, tecnicamente impecáveis, feitos por arquitetos 
que estão em capas de revistas e viajando para Dubai para conversar sobre novos trabalhos 
absurdos com algum Xeique. O primeiro contanto com a arquitetura, muitas vezes, é esse. 
A definição de arquiteto é, para muitos, se não de decorador com ensino superior, um 
fazedor de coisas bonitas e faraônicas.
As escolas de arquitetura no Brasil são muito responsáveis por isso. Uma grande parcela 
dessas está preocupada em injetar mão-de-obra no mercado, não aprofundando conceitos 
fundamentais para a produção arquitetônica, tais como filosofia, sociologia, leis de uso 
e ocupação do solo, função social da terra e da propriedade, etc. Nesse sentido, 
estamos formando mais e mais arquitetos que querem projetar casas de luxo, proliferar 
condomínios, shoppings, praças sem bancos, espaços sem vida e cidades sem diversidade.
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Cidade do México Fonte: Archdaily
É errado querer projetar edifícios gigantes, com curvas, com luzes, com King Kong 
ou com formato fálico? É errado projetar casas com muitas fachadas de vidro, piscina 
e campo de golf (ô esporte chato) para as madames em Alphaville? Claro que é uma 
discussão que resultaria em muita controversa. Não, não é errado. As madames têm direito 
à arquitetura e, sim, a verticalização é uma saída muito viável em certos casos. Todavia, 
só isso que os arquitetos podem devolver à sociedade? Um bacharel que estuda o lugar, 
a cidade, a filosofia, a história, etc, está limitado à produção de espaços murados, 
segregadores, aversivos?
É isso que devemos discutir. A política molda as nossas cidades. Existem leis que 
seriam extremamente úteis, se aplicadas, para atenuar os efeitos da especulação imobiliária 
e o apetite de extermínio dos poderosos para com os pobres.
Por que não se aplica? Pois as vontades de alguns beneficiam um parcela e condenam 
a outra. O sistema rodoviário desenhou muitas de nossas cidades e as tornou ainda 
mais segregadoras. O interesse de grandes construtoras passa por cima da lei, cometendo 
crimes, desconsiderando ZEIS (Zonas Especiais de Interesse Social), APPs (Áreas de 
Preservação Permanente), dentre outros mecanismos que contribuiriam para uma cidade 
mais heterogênea e com espaços cheios de potencialidade.
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Rio de janeiro Fonte: Archdaily
Estamos criando cidades que não são para as pessoas - pelo menos não para todas as 
pessoas. O problema não é construir um grande edifício desconstrutivista, mas fazê-lo 
em uma ZEIS, em uma Área de Preservação Permanente; a casa do rico tem que ser 
projetada, porém o erro está em produzir condomínios, muros e barreiras. Edificar aberrações 
que, muitas vezes, são construídos em locais onde havia habitações do mais pobre, daquele 
que foi jogado para mais longe da cidade.
É essa arquitetura que estamos fadados a produzir? Espero que não.
Arquitetura é ação política. Muitos dos danos sociais que temos hoje são frutos históricos 
de um mau planejamento urbano, projetos essencialmente discriminadores, dentre outros 
fatores. Podemos mudar a cidade e os espaços materializando, em nossas obras como 
arquitetos, a política, a filosofia, a história, a sociologia, o direito e as outras facetas que 
azem parte da disciplina tão plural que é a arquitetura. Assim poderemos construir uma 
cidade mais justa.
Com esse pensamento, o qual, certamente, deveria ser mais trabalhado na universidade, 
procurar fazer arquitetura para quem precisa de arquitetura. Esta é uma Ciência Social 
Aplicada, a qual deve ter impacto positivo na comunidade e leis como a 11.888, dentre outras, 
fomentam tais práticas.
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Trafalgar Square – Londres – Foto: Mark Hillary Fonte: urbanidade.arq.br
Produzir espaços públicos que atraiam pessoas, que sejam lugares. Discutir sobre o 
transporte público, sobre ciclovias, sobre a mobilidade urbana em geral. Ser político ao 
fazer arquitetura: pensar naquele que precisa, analisar o indivíduo em todas as escalas. 
Produzir, dentro de seus partidos e condições (financeiras, climáticas, sociais), obras que 
não se limitem à unidade edificada.
Por que não propor conjuntos habitacionais que levem em consideração a cultura, o lote, 
as pessoas que serão contempladas com o projeto? Por que não criticar veementemente a 
especulação imobiliária, os interesses dos ricos e das construtoras? Por que não construir 
com materiais sustentáveis, para diminuir custos? Por que não fazer intervenções no espaço 
público? Por que não criticar os enclaves fortificados e as praças que não têm bancos? E, 
sobretudo: Por que não articular medidas, propor projetos, propor intervenções e propor
 discussões nas regiões onde mais se precisa de arquitetura?
São muitos porquês. Mas uma coisa é certa: diferente do que se prega por aí, em Hollywood, 
na TV e nas próprias universidades, arquitetos não são decoradores e não fazem casinhas. 
Arquitetos transformam o mundo.
Pelo menos podem. Por que não fazer?
Fonte: http://lounge.obviousmag.org/isso_nao_e_um_blog/2014/11/
discussoes-sobre-arquitetura.html

LEGADO ETERNO DE UM CENTENÁRIO

Lina Bo Bardi, responsável por obras importantíssimas da arquitetura paulistana e 
brasileira, completaria 100 anos no dia 5 de dezembro de 2014. Porém, infelizmente, 
nos deixou em 1992. Mas seu legado é mais que centenário: é eterno. O MASP, o Sesc 
Pompéia e a Casa de Vidro são grandes marcos, os quais sempre serão lembrados e 
admirados por todos, pois são as ideias materializadas de Achillina Bo.


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 Fonte: cmais.com.br
A arquitetura concisa, direta, inteligente de Lina é surpreendente. A simplicidade e 
riqueza fazem dela uma verdadeira mestra no pensar e no fazer arquitetônico.
Lina.jpg Fonte: www.revistabrasileiros.com.br
Lina Bo Bardi, a mulher responsável pelo MASP e por outros marcos da arquitetura 
paulistana e brasileira, por exemplo em Recife e Salvador, é centenária. Imigrante 
fugida dos regimes totalitários da Europa, Lina nos trouxe uma arquitetura concisa, direta, 
inteligente. Brutal. O tecido urbano de São Paulo tem, na sua imagem, a materialização 
das ideias de Lina. A arquitetura paulistana tem, em sua essência, os traços de Lina. 
O centenário tem, como principal objetivo, homenagear, de formas e formas, uma 
mestra na arte de arquitetar.
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Fonte: www.cbre.com.br
Há 100 anos nascia Achillina Bo, a querida Lina. Graduou-se em Arquitetura & 
Urbanismo na Universidade de Roma e veio para o Brasil em 1946 com seu 
marido Pietro Maria Bardi. Naturalizou-se brasileira. 
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Lina e Pietro em 1951 Fonte: divirta-se.uai.com.br
Em São Paulo, naquela época, tínhamos a figura do rico comunicador Assis Chateaubriand,
 que estava insatisfeito com a cultura paulistana e decidiu investir na ideia de outro museu 
(na época, São Paulo contava apenas com o Liceu de Artes e Ofícios, que era da década 
de 1880).
Chateaubriand precisava, primeiramente, de um consultor de arte. Ficou sabendo que um 
imigrante italiano estava no Brasil e poderia ajudar. Tal imigrante era Pietro Maria. Sendo 
assim, Assis também conheceu Lina, para qual designaria o projeto do novo museu da 
cidade, o qual se localizaria no alto do Vale do Anhangabaú, de frente para o Parque 
Trianon, num terreno cedido pela prefeitura da capital.
A arquiteta pensou numa forma que seguisse a Av. Paulista, uma forma que pudesse 
dar continuidade e monumentalidade, o que é muito difícil. O mais marcante do externo é, 
sem dúvidas, o vão livre. Nele, o desígnio de Lina se concretiza: um lugar para o convívio, 
para viver o espaço, para transformá-lo em lugar.
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Fonte: decracha.com.br
Internamente é impossível saber o que mais se destaca. Pietro Maria Bardi conseguiu 
obras raríssimas (Van Gogh, Delacroix, Gauguin, etc.) por preços quase irrisórios. 
Assis Chateaubriand investiu bastante e teve retorno. No MASP nós temos França, 
Itália, Brasil. O Mundo.
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Pietro Maria Bardi ao lado das obras que chegaram de navio. Na caixa que contém as preciosidades, pode-se ler "
Assis Chateaubriand - Museu de Arte de São Paulo, Brasil" Fonte: masp.art.br
Achillina, além do MASP, possui outras obras que são marcos, que são ilustres, 
que são belas. O Sesc Pompéia é tudo isso e mais um pouco.
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Fonte: cbre.com.br
A antiga fábrica de tambores da Pompéia ganhou três vizinhos prismáticos de 
proporções gigantescas. Dois prismas retangulares e um cilindro. Os primeiros 
foram moldados com madeira e algumas placas de plástico, conferindo as linhas 
externas tão marcantes. As lajes são de concreto protendido. As 70 seções de um 
metro do segundo, o cilindro, foram moldadas em troncos de cone, o que conferiu 
uma inclinação às laterais, fazendo com que cada seção se encaixasse na outra e 
que sobrasse uma saliência para cada metro, resultando num aspecto único.
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Fonte: universes-in-universe.org
As passarelas que ligam o prisma menor ao maior são, talvez, os pontos mais marcantes 
do exterior da obra. Cada passarela, apesar de seguir os padrões de dois metros de 
largura e um metro de peitoril, tem a sua peculiaridade. Umas começam em V e 
terminam perpendiculares, outras começam perpendiculares e desembocam num Y, 
etc. Isso é Lina. Essa simplicidade complexa que resulta na beleza arquitetônica que 
encanta os olhos.
Além disso, internamente, a obra possui blocos à mostra, concreto aparente, 
chapiscos, etc. Tudo pensado. As janelas irregulares, moldadas por isopores inseridos 
na concretagem, bem como o aspecto interno citado, traduzem as características 
simplistas da arquitetura rica de Lina Bo Bardi.
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Fonte: revistaveneza.wordpress.com
Em 1951, Lina projeta a Casa de Vidro, no Morumbi, a qual servirá de residência para 
ela e Pietro Maria. Desde 1990 a residência funciona como o Instituto Lina Bo e P.M. 
Bardi, onde há o acervo pessoal do casal. Neste, há objetos, móveis, obras de arte, 
milhares de desenhos e escritos de Lina, além de registros fotográficos. O acervo é 
um dos grandes responsáveis por apresentar importantes conceitos da arte e arquitetura 
no Brasil.

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Fonte: www.vitruvius.com.br
Achillina Bo. Personalidade forte, marcante. Ideias concisas, transcendentais. 
Projetos únicos, monumentais. Arquiteta ítalo-brasileira, visionária. Artisticamente 
e arquitetonicamente singular, centenária.
Lina não fez só arquitetura, pensou. Fez arte na sua casa, com seu marido. 
Fez cinema no nordeste, com Glauber Rocha. E muito mais. Foi além.
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Croqui de Lina Bo Bardi Fonte: OLIVEIRA, Olivia de. Lina Bo Bardi: sutis substâncias da arquitetura. São Paulo, 2006. Página 134.
E que todos possam admirar, refletir e se felicitar com o trabalho da mestra Bo Bardi. 
Simplicidade e riqueza arquitetônica caminhando juntas: vemos na obra de Lina. 
Concisão, seção, paixão: vemos em Lina e em sua obra. Que esta arquitetura 
centenária viva para sempre, pois ela é a materialização do ideário de 
Achillina Bo, a Lina Bo Bardi.

Fonte: http://lounge.obviousmag.org/isso_nao_e_um_blog/2014/04/legado
-eterno-de-um-centenario.html