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segunda-feira, 27 de abril de 2015

Mesopotâmia/ Tipologia II: Urbanismo

As antigas culturas e o urbanismo estão intimamente ligados. Em meio de uma região agrícola, a cidade se converte em um ponto de cristalização para a organização da sociedade de divisão do trabalho. É um lugar de culto, sede da administração, centro de produção e intercâmbios comerciais um mundo de comunicações. Se protegem com muralhas contra os perigos crescentes. O urbanismo Mesopotâmico se concentra fundamentalmente em três pontos, que coincidem com as zonas centrais de população e das cidades que ostentam a liderança política e cultural.



O Grupo Meridional, compreende com Ur, Eridu, Uruk, Nippur, Lagash e Larsa, as cidades mais antigas, lugares de culto que a partir de 3800 são convertidos pelos sumérios no centro de suas cidades estado.
O Grupo Central com Kish, Sippar, Acad, Mari, Borsipa e Babilónia, constitui a terra mãe dos acadios e babilónios.
O Grupo Setentrional no curso superior do Rio Tigre é o âmbito da população dos assírios. As cidades mais importantes são Assur, Kalah, Nínive e Dur- Sharrukin.

O «tipo sumério» a cidade templo parece encerrar tradições muito antigas. Sua planta se escreve em um amplo ovalado, rodeado por muralhas provida de torres de defesa e fossos de água. Ruas sinuosas e passagens estreitas atravessam irregularmente os bairros da cidade. A zona N.E. , orientada ao «bom vento» parece ser a área residencial privilegiada, o centro esta constituído por monumentos religiosos e o palácio, cuja organização Ortogonal o faz contrastar com o contorno da cidade. Os edifícios principais estão também orientados segundo os pontos cardinais, mas não estão alinhados uns aos outros. Este princípio aditivo facilita os edifícios que poderão ser adicionados, mas descarta toda ampliação de perspectiva com alinhamentos principais e profundidades. As torres escalonadas dos Zigurats dominam toda a cidade. Ur, capital do império neosumerio baixo da III dinastia, corresponde as cidades ovaladas deste tipo. Sua situação na desembocadura dos rios a transforma em uma importante cidade comercial. O Eufrates e seus canais rodeiam a fortificação urbana cercada por muralhas. Os portos do Norte e Oeste se acomodam por suas condições a exportações e ao comercio interior, cujos nos bairros (5) encontram se grupos de edifícios representativos (1), ordenados regularmente.
E no resto da cidade existe poucas construções importantes: e no limite oriental da fortificação está localizado de Templo de Enki (3) e um baluarte (4), e no porto norte o palácio neobabilonico (2).
O urbanismo dos assírios que persegue uma regularidade mais rigorosa, se baseia na pratica do estado militar. As cidades mais antigas ajustam se quase sempre a topografia. Os edifícios públicos se agrupam regularmente em forma de torres nos limites da cidade em comunicação com as muralhas e o fosso navegável.


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Impressionantemente especial é o grupo dos palácios e templos, construído no limite setentrional alto de Assur, em estruturas sobrepostas sucessivamente, mas que ainda apresentam traços arcaicos em seu conjunto de estrutura.
A nova construção de Dur- Sharrukin, Sargón II tenta realizar um projecto ideal para a residência de um imperador. Um rectângulo de 1.700 por 1.800 m de longitude constitui a planta. A localização das portas indica a existência de uma rede de ruas principais (segundo EGLI). Dos grupos compactos de edifícios constituem os pontos excêntricos de importância.

Na fronteira Norte e Oeste encontra se a verdadeira fortaleza de Sargon com seus palácios, templos e zigurat (1). O núcleo principal sobressai a muralha fortificada como um baluarte. De iguais características, mas de menores dimensões é considerado palácio do herdeiro do trono o arsenal(2). Estes dois pontos estratégicos fortificados dominam a cidade e seus arredores, entre ambos dispõem se, distribuídos pela rede de ruas, os bairros de habitação e o mercado (3). A introdução da rua como principio de ordenação cria a possibilidade de um planeamento urbano. O urbanismo babilónico reúne as tradições sumero-acadianas e os princípios assírios. Suas características são as ordens geométricas, a situação central do santuário principal e a posição excêntrica do conjunto real que se encaixa ao modo de baluarte a muralha da cidade e ao fosso navegável. As ruas principais seguem um esquema geométrico, visto que em seu interior os bairros faltam traçados geométricos.



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No entanto o conjunto modelizo de Borsipa, a nova construção de Babilonia (Nabucodonozor II), mostram esses elementos básicos. No centro da cidade entre a parte antiga e a nova, se encontra as margens do Eufrates, o santuário principal da Babilónia, o Templo de Marduk (3) com o grande Zigurat, alguns templos isolados, como o famoso de Ishtar (4) que estão divididos pela cidade. O eixo principal da via processional constitui a primeira grande via de prestígio do mundo antigo, com um espaço viário conscientemente organizado e um calculado efeito de monumentalidade (5). No lado Norte o palácio (1) esta escorado como uma fortaleza a muralha, que tem aqui um quíntuplo escalonamento e sentinelas laterais a monumental porta de Ishtar (2). O sistema de construção da muralha da cidade interior reúne todas as experiencias da fortificação assíria babilónica. Outra muralha triangular limita o acesso do povo, ao palácio de verão (6) ao norte, e ao templo do Ano novo (8).
Com 300Km², aproximadamente, babilónia e a superfície urbana amuralhada mais extensa da antiguidade. Seus limites se estendem até Kish e Borsipa com que forma uma região urbana continua.


Os bairros residenciais das cidades mesopotâmicas permanecem durante milénios sem nenhum critério fixo de ordenação. Os assírios são os primeiros que tratam de implantar um sistema de ruas principais. A estrutura interna dos bairros depende das circunstancias das propriedades privadas e de como formam se e modificam se eventualmente mediante aquisições de herança. O traçado arbitrário e a largura variável das ruas com ruas laterais adjacentes seguem sendo típico dos bairros de artesanatos e comerciais no oriente.

A imagem das ruas esta determinada pelos muros desprovidos de janelas das casas de pátio, de uma ou duas plantas, que só se abrem a rua mediante a uma estreita porta. As ruas são estreitas, não estão adaptadas ao tráfego de veículos e raramente estão pavimentadas e providas de uma canalização primitiva.
Se forem comparados os bairros urbanos escavados em Ur e na Babilonia a progressão gradual e observada para uma urbanização mais radical. O bairro de Abraão de Ur data aproximadamente 2000 a.C. na época de Isinlarsa. Terrenos de distintas dimensões mostram se de formas desordenadas. O terreno das casas tem formas rectangulares, de maior e menor largura, os mercados estão alinhados muitas vezes em forma de fazer em ruelas muito estreitas.
Nas esquinas das ruas se instalam pequenos templos ou capelas para sacrifícios e orações aos numerosos deuses menores. Uma curiosa característica dos bairros são as esquinas arredondadas das casas para facilitar o tráfego.
O corte severo de suas construções e a larga recta da via de procissão determinam, provavelmente, o traçado ortogonal das ruas e a divisão relativamente regular. Mas conforme afasta se da rua principal a ordem diminui visivelmente. Os bairros mais afastados seguem o mesmo esquema de Ur.


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O modelo padrão: a casa de pátio
Na Babilonia algo surpreende mais do que em Ur, a diferença das dimensões das divisões. Existe algumas casas grandes e uma muito grande com vários pátios e muitas habitações. Junto a elas, muro contra muro separam pequenas casas em blocos irregulares. O mesmo ocorre nas cidades assírias. Eles permitem deduzir uma relação de dependência com o proprietário da casa grande, ou seja, um grande numero de escravos dedicados ao cuidado da casa grande e artesanato.
Nos bairros pouco estruturados, a casa de pátio e um elemento essencial e invariável. A transformação de tipos de granjas rurais em vivendas urbanas parece consumada em 2000 a.C. O protótipo totalmente desarrojado encontra se em Ur, no bairro da época de Larsa.
A casa termina na rua, todas as moradias estão voltadas ao pátio interior, através do qual tem acesso. A luz do sol entra pelo pátio que é onde se desenrola o trabalho doméstico e artesanal. Geralmente esta cuidadosamente pavimentado e tem drenagem subterrânea. Em uma época posterior adiciona se frequentemente uma planta superior as casas baixas, a que se acesso por uma galeria que rodeia o pátio. O sistema de comunicação da planta baixa (pátio interior) se adopta também ao segundo nível (galeria coberta)
As habitações rectangulares, quase sempre alargadas, abrem se geralmente pelo centro de seu lado amplo. Quase todos edifícios do Próximo Oriente adoptam esse princípio de espaço transversal.
Na planta baixa encontram se: a habitação do porteiro, as peças de uso domestico com a cozinha e a dispensa, a casa de banho, os cómodos secundários, de frente a entrada, o cómodo principal da casa geralmente e voltado ao «bom vento» (em Ur ao S.O), que serve para receber os convidados para refeições, negociações comerciais e para festa familiares. As salas de estar e dormitórios estão geralmente no piso superior.

Este esquema básico limita as possibilidades de ampliação directa, já que as habitações situadas atrás da que dá ao pátio não recebem luz do dia. Resulta, portanto, em uma combinação decisiva adequada a habitações principais e secundárias. Os exemplos de plantas da Babilónia mostram possibilidades de ampliações. Aqui não se pode comprovar a existência de uma planta alta. O elemento fundamental, o pátio rodeado de edificações, determina a estrutura celular dos edifícios mesopotâmicos. As casas maiores, vilas e palácios, e também muitos edifícios religiosos, são geralmente combinação de vários pátios. O sistema da casa de pátio converte se no principio mas corrente de organização. Os grandes palácios com exemplos confiáveis das possibilidades de ampliação.
Esta forma básica de moradia tem persistido no Oriente até a actualidade. Seu sistema estendeu se alem do Mediterrâneo, ate a Europa nórdica. (Atrio, persistilo, claustro, patios com arcadas).

O palácio residência do soberano e centro de poder politico, era em origem uma vivenda representativa para os anciãos da cidade e sumos-sacerdotes. Segundo cresce a concentração de poder em príncipes individuais, recaem novas funções sobre essa residência, que se converte em um edifício representativo do estado, centro de administração, palácio da justiça e fortaleza. A concequencia e uma ampliação e diferenciações constantes da distribuição espacial.
A célula original, a casa de pátio urbana , continua sendo o elemento principal da planificação. A disposição da planta se baseia na combinação de sistema de patios que se sobrepõe, tendo o conjunto rodeado por um muro defensivo. Cada setor pode desempenhar segundo sua função. Mediante variações nas dimensões e na forma dos patioa e espaçoes interiores , se consegue um carácter intimo, pratico ao representativo. Pode se agrupar diferentes patios formando uma concatenação de espaço cujo efeito pode se ir aumentando a vontade. Esses sistema oferece tambem vantagens militares. O volume do edifício, fechado ao exterior como uma fortaleza, e a possibilidade de bloqueio parcial de pátio a pátio, permite uma defesa prolongada.

Torre de Babel

Segundo o Gênesis, seria Nimrod ou Ninrode (Ninus), filho de Cus, que teria mandado construir a Torre-templo de Babel. Alguns acreditam que tenha sido Cus quem iniciou a sua construção. Após isso, seu filho Nimrod, teria continuado a urbanização do local, dando origem à futura cidade de Babilônia.
Amar-Sin (2046-2037 a.C.), terceiro monarca da Terceira dinastia de Ur, tentou construir um zigurate em Eriduque nunca foi terminado. Tem sido sugerido que Eridu seria o local onde teria estado a torre de Babel, e que a história teria sido mudada mais tarde para a Babilónia Enmerkar (i.e. Enmer o Caçador) rei de Uruk, sugerido por alguns como sendo o modelo para Nimrod, foi também um constructor do templo de Eridu.


"A Torre de Babel" (1563) de Pieter Bruegel, o Velho


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