O humor, o desprendimento, o lúdico, o inusitado e o sustentável são determinantes nos projetos de design e arquitetura do estúdio formado pelos quatro jovens paulistas. Do reaproveitamento de materiais e da busca de novas alternativas, surgem trabalhos surpreendentes
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Na infância, os sócios do estúdio Superlimão faziam casas nas árvores e transformavam carrinhos de feira em versões de brinquedo, como outros garotos. A diferença é que hoje eles continuam com a mesma disposição do tempo de criança e a criatividade está ainda mais solta para realizar experimentações em design que misturam materiais recicláveis com alta tecnologia. Nas mãos deles, o lixo vira luminária, e o entulho, a cereja do bolo na obra. Sempre de olho na sustentabilidade, seus projetos de arquitetura têm soluções ecológicas e ousadas com boa dose de humor. Exibem acabamentos industriais inusitados, em nome da eficiência e da modernidade. Tudo começou em 2002, quando Sergio Cabral, 33 anos, formado em desenho industrial pela Faap, montou o escritório com o amigo Thiago Rodrigues, 31, que estudou arquitetura na mesma faculdade. Em 2009, Lula Gouveia, 31, engenheiro e arquiteto formado pelo Mackenzie, e Antonio Carlos Figueira de Mello, 27, que fez curso de turismo e trabalhou com questões ambientais, entraram no grupo. Juntos desde então, eles parecem músicos de uma banda de rock. “Cada um toca uma parte do estúdio. Nosso ponto forte é a formação heterogênea. Fazemos o produto completo: do mobiliário à engenharia”, diz Sergio.
“Se encontrarmos um limão, fazemos uma limonada. Para reduzir custos na reforma, procuramos aproveitar os materiais que estão na casa e não necessariamente da forma que estavam”
Materiais da hora
“O tema sustentabilidade virou palhaçada. Muitas vezes gasta-se tanta energia para levar um piso ecológico para Ubatuba que seria melhor usar uma pedra de lá.”
“Se o revestimento de PVC for uma opção durável para o local, significa que não terá de ser trocado logo. Tem que saber qual material usar na hora certa.”
Cores e luzes
“Usamos uma cor para esconder ou destacar algo. Para escolhê-la, olhamos as roupas do morador e o que há em torno que precisará conversar com ela.”
“Se o cliente tem muitos objetos coloridos, deixamos a casa como se fosse uma tela em branco. A arquitetura some para valorizar o que é da pessoa.”
“Em vez de automação na iluminação, montamos painéis com vários interruptores, como um piano, para o morador criar cenas combinando manualmente as diferentes luzes.”
De um limão se faz uma limonada
Conheça a nova estação de trabalho do SuperLimão, estúdio paulista que assina projetos de arquitetura, interiores e afins com um quê ácido, inovador, subversivo,sustentável – e delicioso
Por Ana Paula de Assis Fotos por Alexandre Pirani
Foi numa manhã ensolarada de outono que KAZA se enveredou pela usina criativa Studio SuperLimão, um lugar onde sucata é arte, sem clichês. De cara, os meninos brincalhões e irrequietos embarcam nas ideias malucas do nosso fotógrafo Alê Pirani e o resultado são esses cliques informais que tão bem representam a proposta descontraída e elétrica do SuperLimão. “O objetivo nos projetos é sempre subverter os conceitos preestabelecidos”, dizem em uníssono, sem se atropelar.
Na estrada desde 2002, o escritório formado por Antonio Carlos Figueira de Mello, Lula Gouveia, Sergio Cabral e Thiago Rodrigues é famosopor arriscar em inovadoras linguagens estéticas, seja no design de produto, na arquitetura ou no design de interiores. A trupe possui formações tão distintas como Turismo, Engenharia, Arquitetura e Desenho Industrial e é exatamente essa pluralidade que contribui para o desenvolvimento de layouts criativos como a loja Firma Casa – que também leva conceito artístico dos big brothers Campana. “A fachada com os vasos de alumínio em formato origami recheado com a espécie de planta espada-de-São-Jorge foi concebida porque tem uma grande eficiência térmica e energética”, explica Mello.
A ideia do nome do escritório surgiu daquela clássica bala japonesa que no início tem sabor um tanto peculiar e causa estranhamento ao paladar, mas que, no final, torna-se muito mais palatável e saborosa. “Assim são nossas concepções, únicas e sempre como intuito de surpreender o cliente”, diz Gouveia. Recém-chegados à Vila Madalena, bairro famoso de Sampa pela efervescência cultural, o novo e descolado home office ganhou o colorido e a atmosferado entorno. “Antes, nos Jardins, sentíamos um certo isolamento. Aqui é diferente. O contato com as pessoas serve de combustível para a busca de novas técnicas e ideias”, conta Rodrigues.
O espaço que ganhou grafite do artista Nove é um grande playground onde não faltam cordas, fios, papelão e outras traquitanas recicláveis que servem de suporte para as experimentações em design do estúdio. “A sustentabilidade é questão de bom senso. Não há motivo para levantar essa bandeira já que isso é algo tão natural no nosso trabalho antes desse conceito estar na ordem do dia”, enfatiza Cabral. Assim, de maneira despretensiosa, com um pé na diversidade e sempre propondo novos usos para as matérias-primas básicas, o SuperLimão se consolida como um dos mais importantes escritórios da atualidade que faz questão de apostar em novidades dentro da simbiose arquitetura + design, sem se importar coma ordem dos fatores no resultado final. superlimao.com.br
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