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terça-feira, 16 de setembro de 2014

UFPB lança acervo digital de revistas brasileiras de arquitetura


Banco de dados foi desenvolvido por alunos de pós-graduação


A Universidade Federal da Paraíba acaba de lançar um acervo digital com edições de revistas especializadas em arquitetura e urbanismo veiculadas entre as décadas de 1970 e 1980.
Desenvolvido por alunos de pós-graduação da instituição, o banco de dados tem como objetivo comprovar a diversificação da arquitetura brasileira e sua consequente dispersão no território nacional, fora do eixo Rio de Janeiro – São Paulo – Brasília.
Os usuários podem navegar pelo acervo das revistas Projeto (atual PROJETOdesign), Módulo, AU e Pampulha por meio de diversos filtros de pesquisa, como ano de publicação, autor do projeto, local da construção e tipologia do programa.
Além dos projetos arquitetônicos, também estão disponíveis matérias teóricas echarges, que marcaram a linha editorial das revistas e revelavam as problemáticas urbanas dos anos 1970 e 1980.
Para visualizar o acervo, cujo nome é “[ddab] dispersão e diversificação da arquitetura brasileira”, clique: www.lppm.com.br
Via ARCO


Ranking de Faculdades de Arquitetura Brasileiras
FAUUSP, primeiro lugar no Ranking Universitário Folha 2014. Image © OWAR ArquitectosFAUUSP, primeiro lugar no Ranking Universitário Folha 2014. Image © OWAR Arquitectos
O jornal Folha de S. Paulo divulgou recentemente seu Ranking Universitário Folha – RUF 2014, onde estão listadas as Escolas Superiores e Faculdades, públicas e privadas, que obtiveram as melhores colocações em diferentes quesitos, como “Qualidade de Ensino”, “Avaliação do Mercado” e nota no ENADE.
lista de escolas de arquitetura abrande 239 cursos de todos os estados, com ligeira predominância de escolas privadas, e é interativa, ou seja, o ranking varia de acordo com a categoria que se deseja dar ênfase.
Veja a seguir o ranking dos dez cursos de arquitetura e urbanismo que obtiveram as melhores colocações gerais:
  1. Universidade de São Paulo (USP)
  2. Universidade de Brasília (UNB)
  3. Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
  4. Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
  5. Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
  6. Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
  7. Universidade Federal do Ceará (UFC)
  8. Universidade Federal do Paraná (UFPR)
  9. Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
  10. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP)
Observa-se, nessa lista, a ausência de instituições privadas e a predominância de universidades da região sul e sudeste, com três delas no estado de São Paulo.
Entre as instituições privadas, os dez cursos de arquitetura e urbanismo com as melhores colocações são:
  1. Universidade Presbiteriana Mackenzie (MACKENZIE) – 11° no geral
  2. Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-CAMPINAS) – 12° no geral
  3. Centro Universitário Belas Artes de São Paulo (FEBASP) – 13° no geral
  4. Faculdade de Artes Plásticas da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) – 15° no geral
  5. Universidade Paulista (UNIP) – 16° no geral
  6. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) – 17° no geral
  7. Universidade Positivo (UP) – 18° no geral
  8. Universidade Anhembi Morumbi (UAM) – 19° no geral
  9. Universidade Nove de Julho (UNINOVE) – 20° no geral
  10. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO) – 21° no geral
Para acessar a lista e navegar em seus recursos – que também tem uma seção dedicada a Mestrado e Douturado – clique aqui.

Fonte:Romullo Baratto. "Ranking de Faculdades de Arquitetura Brasileiras" 12 Sep 2014. ArchDaily. Accessed 13 Set 2014. http://www.archdaily.com.br/br/627179/ranking-de-faculdades-de-arquitetura-brasileiras?ad_medium=widgets&ad_name=most-visited-index
Estoure a bolha da sua vida


Todos os dias acordamos e temos na cabeça objetivos claros e sabemos o que temos que fazer: levantar, tomar um banho, preparar o café da manhã, levar as crianças para a escola, marcar dentista, trabalhar, trocar o óleo do carro, assistir novela…
São coisas que guiam nossas vidas e cada uma delas fazemos com um objetivo maior, manter a saúde, fornecer educação aos filhos, nos entreter…
São tantas coisas que esquecemos de ir além, olhar para o outro lado e pensar em novos formatos de vida! Se todos os dias você acorda e vai para o seu trabalho de metrô, que passa por baixo da terra, você anda três estações. Que tal pesquisar um ônibus da região que faça o mesmo caminho, permitindo que você veja novas coisas e respire novidade por algum tempinho?
Isso vale para o canal preferido. Já conheci uma família que há anos via o mesmo canal, pois o botão do controle remoto que mudava os canais não funcionava.  Vê se pode, isso tira opções e fecha a mente para a ideia de apenas um grupo de comunicação!
Olhe para dentro e veja quantas bolhas você pode estourar na sua vida, novos caminhos, novos canais, novos cantores preferidos, novos passeios, novas amizades, novos horários, experimente viver mais!

Fonte: Mobilidade Humana

FACEBOOK, O NOVO ESPELHO DE NARCISO





Isabela Anchieta

As mulheres gastam mais do que o dobro do tempo dos homens no Facebook: três horas por dia, enquanto eles gastam uma hora, em média. Entrar na rede social é a primeira ação diária de muitas delas, antes mesmo de irem ao banheiro ou escovarem os dentes. Uma atividade cumprida como um ritual todos os dias – e noites. Em um estudo, 21% admitiram que se levantam durante a noite para verificar se receberam mensagens. Dependência? Cerca de 40% delas já se declaram, sim, dependentes da rede. Elas são a maioria não só no Facebook (onde representam 57% dos usuários); também têm mais contas do que os homens em 84% dos 19 principais sites de relacionamentos.
Essas são algumas revelações da pesquisa feita pelas empresas Oxygen Media e Lightspeed Research, que analisou os hábitos on-line de 1.605 adultos ao longo de 2010. Mas cabe ainda perguntar: que motivos levam as mulheres a ficar tanto tempo na frente do computador? Vaidade? Necessidade de reconhecimento? Seria esse fenômeno uma nova forma de autoafirmação? Uma maneira de desenvolver sua individualidade aliada ao reconhecimento do outro? Será essa uma nova forma de buscar sociabilização?
Mais do que procurar uma resposta fácil, cabe, antes, compreender por que a auto-representação é mais importante para as mulheres que para os homens. Historicamente as representações femininas foram fabricadas por motivações sociais diversas: míticas, religiosas, políticas, patriarcais, estéticas, sexuais e econômicas. E, há mais de vinte séculos, essa fabricação esteve sob o poder masculino. As mulheres não produziam suas próprias imagens, eram retratadas.

Em obras de arte célebres vemos inúmeras Vênus adormecidas, (como as de Giorgione, 1509; Ticiano, 1538 e Manet, 1863); Madonas castas (nas imagens religiosas das catedrais católicas como as pintadas por Giotto, no século13, e Botticelli, no 15) ou mulheres burguesas no espaço doméstico cuidando da cozinha e da educação dos filhos (como as pintadas por Rapin e Backer no século 19). Eram cenas “pedagógicas”, que ensinavam o valor da maternidade, da castidade, da beleza e da passividade.
O pano de fundo dessas produções artísticas era uma tentativa masculina de “gerenciar” o imaginário feminino, transmitindo sugestões sobre a conduta social desejada até uma estética sexual e familiar. Como enfatiza a historiadora Anna Higonnet “os arquétipos femininos eram muito mais do que o reflexo dos ideais de beleza; eles constituíam modelos de comportamento”. Sua capacidade de persuasão era ativada pelo contexto cultural. Um exemplo pontual, mas significativo, pode ilustrar essa hipótese. O nu é quase sinônimo do “nu feminino”. Do Império Romano, passando pelo Renascimento, pela Modernidade e até os dias de hoje, o corpo da mulher reflete os ideais estéticos predominantes.
A historiadora francesa Michelle Perrot chegou a afirmar que “a mulher é, antes de tudo, uma imagem”. Aqui sua ênfase é irônica. Refere-se a uma forma de retratar que associava os cuidados com o corpo, os adornos, as vestimentas e a beleza em geral à atividade, ou melhor, à ociosidade tipicamente feminina”, enquanto os homens deveriam se ocupar de tarefas consideradas sérias: política, economia e trabalho. 
Quando a era moderna pareceu, enfim, trazer a emancipação da mulher, a conquista revelou-se contraditória. Estar na moda, ser magra, bem-sucedida e boa mãe tornou-se uma exigência. Com a ajuda do photoshop, top models, estrelas de televisão e cantoras exibem nos meios de comunicação o êxito que conquistaram em todos os aspectos do sucesso – o que, na prática, nem sempre é verdade. Elas, em geral, são tão “irreais” quanto a Vênus grega. A verdade é que a mídia veicula uma série de estereótipos sobre como agir que se tornam um peso para a mulher. Não devemos nos esquecer de que quem assume o comando é o mercado interessado em vender roupas, revistas e produtos destinados ao público feminino – e não propriamente a mulher. Assim, mesmo no século 20, quando pareciam ganhar “autonomia”, elas passaram a ser atormentadas por padrões estabelecidos por outra base imaginária: a do consumo.
O que muda no século 21 para as mulheres que utilizam as redes sociais? Quanto à importância da imagem, nada. Ela -continua a ter papel central para a identidade social feminina, confundindo-se com ela. Por outro lado, vivemos, sim, uma revolução: pela primeira vez a mulher passa a se autorrepresentar, a produzir representações de si publicamente. Essa produção não está mais sob o domínio exclusivo dos homens, nem restrita a um grupo de mulheres como as artistas (atrizes, fotógrafas, cineastas, pintoras, escultoras etc.) ou as modelos. As mulheres comuns tornam-se protagonistas de sua vida. Chegam a dispensar a ajuda de outra pessoa para tirar a própria foto: estendem o braço e miram em sua própria direção. Algumas marcas de câmeras fotográficas desenvolveram inclusive um visor frontal para que a pessoa possa ajustar o foco caso use o equipamento para se fotografar. 
A mulher “hipermoderna” reivindica algo novo: o seu protagonismo público e sua “autenticidade”. O que se soma, agora, à revolução tecnológica da sociedade capitalista. Com acesso facilitado a câmeras digitais, a telefones móveis que dispõem desse equipamento e à rede, além da existência de uma plataforma que dá suporte ao armazenamento e oferece possibilidades ao usuário para compartilhar essas imagens pela internet, a mulher passa a se autofotografar nas mais diversas ocasiões, de situações corriqueiras a viagens. Nas palavras do filósofo Gilles Lipovetsky: “O retrato do indivíduo hipermoderno não é construído sob uma visão excepcional. Ele afirma um estilo de vida cada vez mais comum, ‘com a compulsão de comunicação e conexão’, mas também como marketing em de si, cada um lutando para ganhar novos ‘amigos’ para destacar seu ‘perfil’ por meio de seus gostos, fotos e viagens. Uma espécie de autoestética, um espelho de Narciso na nova tela global”.
DITADURA DA ESPONTANEIDADE

Nesse novo ambiente o artificialismo e a mistificação da imagem passam a ser “out”. Deusas etéreas cedem espaço a mulheres que querem ser vistas como “reais”: escovam os dentes, fazem caretas para a câmera, dirigem seu carro e não se importam em ser fotografadas em momentos que antes estariam à margem da esfera pública. Tanto que 42% das usuárias do Facebook admitem a publicação de fotos em que estejam embriagadas e 79% delas não veem problemas em expor fotos em que apareçam beijando outra pessoa. A regra é: quanto mais caseiro, “mais natural”; melhor. O que não significa que essa imagem seja, efetivamente, “natural”, mas que há agora um “gerenciamento da espontaneidade”. 
O imperativo da representação feminina nas redes sociais é: “seja espontâneo”. Uma norma paradoxal, assim como a afirmação “seja desobediente, é uma ordem”, escreve o sociólogo Régis Debray. Ele faz uma interessante leitura do que poderíamos chamar de “ditadura da espontaneidade”. Segundo o autor, abandonamos o culto da morte, vivido pelas sociedades tradicionais e religiosas, para vivermos o “culto da vida pela vida” – uma espécie de “divinização do que é vivo” que se apoia no eterno presente e não mais em uma crença no além. 
Vemos emergir mulheres que cultuam o que veem no espelho e postam, “religiosamente”, novas imagens de seu cotidiano – sem que tal culto resulte em algum tipo de censura externa ou de autocensura moral. Em outro contexto, como durante o período em que a religião católica era dominante, esse “culto de si” e ao corpo seria considerado um dos sete pecados: a vaidade. Esse imaginário, aliás, é muito bem representado por um quadro do séc. 15, de Hieronymus Bosch, no qual o demônio segura um espelho para que uma jovem se penteie. 

Hoje o novo espelho global não é marcado pela vigilância moral. Ao contrário, há um contínuo incentivo da cultura para que as mulheres “se valorizem”, busquem sua singularidade e não se baseiem mais em modelos inalcançáveis (como as top models e outras famosas). E para que percebam em si mesmas uma possibilidade legítima e singular de ser no mundo.
A própria familiaridade e aproximação da mulher com o universo da produção de auto-representações pode levá-la a questioná-las. As mulheres já estão, como escreve Lipovetsky em seu livro A tela global, “cultivadas” pela mídia. Educadas em sua gramática, sabem que o photoshop, a produção e a edição das imagens criam uma mulher irreal e passam a ver essas representações “entre aspas”, distanciando-se criticamente delas. Elas aprendem com recursos autoexplicativos a modelar sua iconografia, a alterá-la, brincar com ela ou melhorá-la (possibilidades, antes, restritas aos profissionais). 

Mas a consagração do “culto de si” não significou um isolamento da mulher. Os álbuns publicados nas redes sociais conciliam, contra todas as expectativas, o individualismo e as trocas. Um se alimenta do outro. Há um ciclo: exponho minha individualidade, acompanho a do outro e ele a minha e, assim, somos incentivados a produzir e expor, cada vez mais, as nossas imagens. Trata-se do nascimento de uma “identidade coletiva”, em que a individualidade não elimina a interação, mas é seu motor. Nesse sentido, a identidade coletiva não é produto apenas de uma adesão grupal e sim uma forma de negociação de posições subjetivas – esse é o paradoxo identitário a ser considerado. 

Fotos pessoais e “amigos” virtuais (ou não) ditam o ritmo desse espaço interativo. Quanto mais caseiro, mais cotidiano, mais espontâneo, maior o número de relações entre as pessoas, que passam a valorizar a autenticidade e a vida de quem é “próximo”, “real”. Há, na base desse fenômeno, uma democratização dos desejos de expressão individual na medida em que as mulheres buscam conquistar espaços de autonomia pessoal – que traduzem a necessidade de escapar à simples condição de consumidoras daquilo que outros produzem. Elas querem colocar seu rosto no mundo. Aparecer ou não na “tela global” passa a ser uma questão de existência. Por essa razão, ter visibilidade e oferecer sua identidade publicamente é conferir importância à própria existência. O que é, também, uma forma de poder. Nesse ponto a mídia – como campo de visibilidade – passa a ter papel central para entendermos a luta simbólica pelo reconhecimento.
No entanto, essa “democratização” da auto-representação feminina não deve ser tomada como sinônimo do fim da competição estética e ética entre as mulheres. O que tudo indica, o que presenciamos não é a instauração de uma igualdade, mas a ampliação do número de mulheres na disputa por visibilidade e poder. Amplia-se, assim, a arena para buscar um poder que não está dado de antemão, mas que deve ser conquistado e manejado pela apresentação e representação de suas singularidades, de suas diferenças. Um agir que se manifesta na criação, no controle e no poder simbólico de sua própria imagem no espaço público, que só se realiza com o reconhecimento do outro nas interações sociais, associativas e na ampliação dos círculos de reconhecimento que estão dentro e fora do espaço de produção da imagem.

Um mês sem carros: a bem sucedida experiência da Coréia do Sul
Bairro de Haenggung-dong, Suwon. Fonte da imagem: ITDP
Bairro de Haenggung-dong, Suwon. Fonte da imagem: ITDP

No bairro Haenggung-dong, na cidade de Suwon, Coréia do Sul, foi realizada uma experiência em que, durante um mês, foi proibida a circulação de automóveis. Parte doFestival Mundial de Eco Mobilidade, evento que aconteceu há um ano, os efeitos dessa experiência perduram até hoje, já que ela gerou uma mudança de percepção em relação aos carros e motivou as autoridades a implementar iniciativas no sentido de devolver as ruas às pessoas e ciclistas.
O que aconteceu durante o mês da experiência? Que mudanças surgiram a partir dela? Mais informações a seguir.
30 dias sem 1.500 carros
Durante o mês de setembro do ano passado, a cidade de Suwon foi sede do Festival Mundial de Eco Mobilidade. Como forma de celebrá-lo, foi proposto que os habitantes do bairro Haenggung-dong não usassem seus carros, mas apenas bicicletas e transporte público, durante um mês inteiro. Essa iniciativa tinha como objetivo aproximar os cidadãos dos benefícios causados pela redução do número de automóveis em circulação.
Ainda que, a princípio, algumas pessoas achassem difícil implementar essa experiência – outras inclusive rechaçaram a proposta – 4.343 pessoas fizeram parte da iniciativa, deixando seus carros na garagem. Como consequência do aumento dos transportes a pé e de bicicleta, foi necessário ampliar algumas calçadas e disponibilizar 500 bicicletas para moradores e donos de estabelecimentos na região. Além disso, foram plantadas diversas árvores no bairro, visando, futuramente, tornar os trajetos mais agradáveis e sombreados.
Durante o mês livre de automóveis, as pessoas perceberam que o ar estava mais limpo, que o ruído havia diminuído e que os trajetos mais seguros valiam mais que se deslocar de maneira cômoda de carro. Além disso, segundo um relatório da organização do festival, “os moradores de Haenggung-dong descobriram que num bairro sem carros, os espaços entre os edifícios se transformam em lugares seguros e verdes a serem aproveitados.”
Um ano depois...
Os efeitos desse mês de teste sem carros fizeram com que os cidadãos desfrutassem mais de sua cidade, vendo-a através de outra perspectiva.
Foram os próprios moradores que reivindicaram a eliminação dos estacionamentos de automóveis nas principais avenidas – Hwaseomun e Sinpung –, a implementação de Zonas 30 e os finais de semana livres de carros.
Por sua vez, o governo anunciou que construiria mais ciclovias, melhoraria o sistema de transporte público e reduziria os limites de velocidade em outras partes da cidade. O prefeito de Suwon disse que, graças a essa iniciativa que surgiu durante o festival, a cidade se converteu em líder na promoção de soluções ambientais e de sustentabilidade.
Por outro lado, um habitante do bairro disse que “se o Festival não tivesse acontecido, estaríamos vivendo com a mentalidade de que os carros são a única maneira de se adaptar a um estilo de vida urbano. O Festival nos ofereceu uma atraente alternativa, viável, mas sustentável, e por isso seremos eternamente gratos.”
Pelo alcance que teve, a iniciativa está entre as finalistas do Prêmio de Transporte Sustentável, organizado anualmente pelo Instituto de Políticas para o Transporte e Desenvolvimento (ITDP).
O vídeo a seguir mostra o desenvolvimento da iniciativa:
Via Plataforma Urbana. Tradução Romullo Baratto, ArchDaily Brasil.

Fonte:Constanza Martínez Gaete. "Um mês sem carros: a bem sucedida experiência da Coréia do Sul" 15 Sep 2014. ArchDaily. Accessed 15 Set 2014.http://www.archdaily.com.br/br/627252/um-mes-sem-carros-a-bem-sucedida-experiencia-da-coreia-do-sul


Conforto acústico nas edificações depende de nova cultura e ação integrada
Conforto acústico nas edificações depende de nova cultura e ação integrada
É necessário que todos os agentes envolvidos se empenhem no desenvolvimento de novos empreendimentos conformes à NBR 15575

Fundada há quase três anos, a ProAcústica – Associação Brasileira para a Qualidade Acústica – tem estado à frente dos debates sobre acústica ambiental e de edificações. Em entrevista ao Portal AECweb, Davi Akkerman fala das realizações da associação, das exigências que a ABNT NBR 15575 impacta no setor, e dos papeis de cada elo da cadeia para alcançar o melhor desempenho acústico.


AECweb - Qual foi a evolução da ProAcústica desde a sua criação?
Davi Akkerman - A entidade, criada oficialmente no final de 2011, conta atualmente com 66 associados, entre fundadores, efetivos e beneméritos. São 37 empresas fabricantes de produtos acústicos, 16 consultorias e projetistas e sete empresas de instalação e distribuição. Nestes três anos, a ProAcústica está se firmando como referência na área e tem estado à frente de todos os debates sobre acústica de edificações e ambiental. A associação vem cumprindo seus objetivos iniciais, de divulgar e promover a qualidade acústica nas edificações e meio ambiente, seja através da realização de eventos e palestras, ou ainda promovendo a formação de engenheiros, arquitetos e urbanistas, oferecendo cursos e workshops nas diversas áreas de atuação da acústica.
AECweb - Qual a atuação da entidade em relação às normas técnicas?
Akkerman - A ProAcústica participa ativamente da revisão das normas técnicas de acústica; na Comissão de Estudo de Desempenho Acústico de Edificações (CE-02:135.01); na Comissão de Estudo Especial de Acústica (CEE-196) da ABNT; na norma de desempenho (ABNT NBR 15575), com colaboração direta na sua revisão e adequação; no Dia Internacional da Conscientização sobre o ruído, realizado em abril; e trazendo para o debate público a necessidade de mapeamento acústico das cidades brasileiras, como forma de melhor gerir as grandes problemáticas relativas ao ruído urbano, entre outros temas.
AECweb - É possível mensurar a colaboração da ProAcústica na contenção do ruído nas grandes cidades brasileiras?
Akkerman - Conter o ruído nas grandes cidades é trabalho de longo prazo e depende da implementação de instrumentos ainda desconhecidos no planejamento urbano no Brasil, como a proposta divulgada pela ProAcústica de mapeamento acústico. Trata-se de ferramenta de apoio ao planejamento e ordenamento urbano, com vista à redução e gestão de ruído nas cidades. Assim, as prefeituras podem elaborar planos e estabelecer regras para exploração de atividades com emissões sonoras significativas, ou interditá-las, quando o ruído exceder os valores regulamentares.
AECweb - A sociedade já discute o uso deste instrumento?
Akkerman - A ferramenta tomou impulso a partir da Conferência Municipal sobre Ruído, Vibração e Perturbação Sonora, realizada recentemente através de parceria entre a ProAcústica e a Câmara Municipal de São Paulo. O tema deverá representar mudança significativa na qualidade de vida nas cidades, impactando não somente o mercado de acústica ambiental, mas também das edificações, pois a gestão do ruído urbano visa orientar a Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo (LPUOS), além de servir de base para o Estudo de Impacto de Vizinhança e Relatório de Impacto de Vizinhança (EIV/RIV) em casos de licenciamento.
AECweb - A entrada em vigor da ABNT NBR 15575 foi decisiva para agregar conforto acústico às construções?
Akkerman - Sem dúvida a norma de desempenho, que entrou em exigibilidade em julho de 2013, é um dos instrumentos para a melhoria da especificação, projeto e construção, com destaque para o conforto acústico. Será preciso que todos os agentes envolvidos incorporem efetivamente essa nova cultura às práticas de desenvolvimento de novos empreendimentos residenciais e, assim, agregar de fato, o conforto acústico às edificações.
ECweb - Fornecedores de um lado, construtoras de outro. Qual o elo da cadeia que melhor se apropriou da norma de desempenho?
Akkerman - A indústria fornecedora da construção civil deve se aprimorar na caracterização de seus produtos e sistemas, por meio de ensaios que demonstrem o desempenho de cada um. Já as construtoras estão buscando incorporar as soluções acústicas no dia a dia de seus projetos e obras, de maneira a atender ao que prescreve a norma. De forma geral, todos têm muitas adaptações a fazer neste processo de apropriação e aplicação da norma de desempenho, a fim de garantir o resultado mais adequado e assegurar o direito dos consumidores.
AECweb - Até que ponto a sociedade já tomou consciência do seu direito ao conforto acústico dentro de casa?
Akkerman - Apesar da grande dificuldade de saber para quem reclamar, os usuários vêm manifestando há tempos suas insatisfações com o desconforto acústico nos edifícios residenciais. Mas, de forma geral, a tomada de consciência do direito ao conforto acústico vem acompanhada de um processo de educação, informação e esclarecimento. Todos os envolvidos precisam contribuir para que a qualidade acústica nas edificações, e no meio ambiente, contribua de fato para a melhoria do bem-estar e da saúde pública, direito de todo cidadão.
AECweb - Crescem os segmentos da indústria que produzem sistemas e materiais destinados à redução do ruído? Quais?
Akkerman - Mais do que crescer, o que se constata num horizonte de médio prazo é a adequação da indústria no que diz respeito aos seus produtos/soluções destinados ao controle ou redução do ruído. Com certeza existirá espaço para a entrada de novos fornecedores. Qualidade, competitividade e informação técnica serão diferenciais importantes para a presença de novos players na indústria.
AECweb - Quais as soluções projetuais que estão e estarão em alta para responder às exigências de desempenho acústico?
Akkerman - Na verdade, nada de muito novo. O mercado deve se preparar para especificar as soluções mais adequadas nos diferentes tipos de projetos arquitetônicos para adaptação às exigências normativas. Outra medida importante é caracterização da ‘paisagem acústica’ dos terrenos e entornos dos futuros empreendimentos, estudo que ajuda a definir quais as soluções para fachadas, vedações e medidas para atenuação dos ruídos locais. Para o segmento econômico há uma demanda maior de inovações em relação ao desempenho de pisos em relação aos ruídos de impacto.
AECweb – Onde estão os pontos mais frágeis para atingir o desempenho previsto em normas, no projeto ou na construção?
Akkerman - No Brasil, ainda há um desconhecimento sobre como especificar desempenho e a respeito dos requisitos de acústica. Nesse momento inicial da exigibilidade da norma de desempenho, ainda há muitas dúvidas a respeito da quantificação e das soluções acústicas para alcançar as exigências. Será preciso um grande esforço da cadeia produtiva da construção no sentido de caracterizar produtos e sistemas. Será preciso, por exemplo, ensaiar não apenas o bloco de alvenaria, mas o sistema de parede, com todos os intervenientes, como janelas, portas e os demais componentes, a fim de obter o desempenho acústico real da tipologia adotada. Os projetistas terão de especificar com mais conhecimento e os fabricantes terão de adquirir a cultura do ensaio, a fim de definir níveis de desempenho de seus produtos e sistemas.
AECweb – Neste cenário, qual o papel de cada elo da cadeia produtiva?
Akkerman - Profissionais de projeto estão, de fato, diante de uma questão inerente à sua atividade, que é a responsabilidade técnica pelo que projetam e especificam. As construtoras, por sua vez, responsáveis pela viabilização dos projetos, precisam garantir o desempenho do que executam. A cadeia de fornecedores também está em uma situação de pressão para atender às novas necessidades de mercado, principalmente os fabricantes de portas, janelas e blocos de alvenaria, que precisam desenvolver soluções e ensaiar seus produtos.
AECweb – Além da norma de desempenho, quais as normas prescritivas de acústica que o arquiteto deve conhecer?
Akkerman - Basicamente as duas normas específicas de acústica que se aplicam à indústria da construção civil, a ABNT NBR 10151 e ABNT NBR 10152. Porém, desde 2013, a ProAcústica vem promovendo cursos sobre a norma de desempenho e a acústica, a fim de orientar os profissionais na aplicação dos quesitos da norma e de melhorar o desempenho acústico das edificações.
AECweb – Em quais casos é indispensável o projeto contar com consultoria de acústica?
Akkerman - Com a norma de desempenho, no mínimo, uma consultoria de acústica deve estar contemplada nos empreendimentos para verificação e classificação objetiva dos terrenos, além da análise e adequação das vedações externas e internas.
AECweb – Quais as suas perspectivas em relação ao futuro da acústica no Brasil, considerando a geração de ruído e a produção de edificações com melhor desempenho acústico?
Akkerman - O setor de acústica já registra um crescimento e a norma de desempenho, por exemplo, é um dos grandes propulsores dessa demanda. A procura por especialistas em acústica vem aumentando e em todo o país se multiplicam os pedidos de avaliações, ensaios de desempenho acústico e simulação de desempenho, por meio de softwares, para edifícios em fase de projeto. A indústria fornecedora de produtos e sistemas, por sua vez, irá também contar com um grande incremento. Além disso, quanto mais se expandem os centros urbanos, maior tende a ser o desenvolvimento da acústica ambiental no Brasil, pois são cada vez mais numerosas as fontes de ruído presentes nas cidades.
Colaborou para esta matéria:
Davi Akkerman - Engenheiro civil formado pela Universidade Mackenzie, com mestrado no Institute of Soundand Vibration Research, de Southamptom (Grã Bretanha). Tem especialização em Controle de Ruído Industrial pelo IPT. É membro eleito do Institute of Accoustic (Grã Bretanha) e diretor da Harmonia Davi Akkerman + Holtz, escritório de consultoria e projetos acústicos. Exerce seu segundo mandato como presidente da ProAcústica – Associação Brasileira para a Qualidade Acústica.

Fonte: http://www.proacustica.org.br/noticias/clipping-sobre-ac%C3%BAstica-e-temas-relacionados/conforto-acustico-nas-edificacoes-depende-de-nova-cultura-e-acao-integrada.html

sexta-feira, 12 de setembro de 2014