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segunda-feira, 29 de setembro de 2014


21 dicas para uma vida bem sucedida na arquitetura
Escritórido BIG. Cortesia de BIG-Bjarke Ingels Group  
 Escritórido BIG. Cortesia de BIG-Bjarke Ingels Group

Originalmente publicado em Entrepreneur ArchitectKevin J Singh, Professor Associado da Louisiana Tech, nos mostra neste artigo 21 pontos sobre como ter uma vida bem sucedida e feliz como arquiteto. A lista dá algumas diretrizes que certamente ajudarão estudantes e jovens arquitetos, mas que podem também ser úteis a profissionais não tão jovens que necessitam repensar o que lhes é mais importante na vida profissional. 
O que vem a seguir é uma compilação da palestra que proferi em meu último dia de aula. Em vez de recapitular o conteúdo ou aplicar uma prova final, compartilhei com meus alunos uma apresentação intitulada You Finish School and Start to Practice. Nela apresento uma série de declarações seguidas por breves explicações.
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     Cortesia de WRNS Studio

1. Começando sua carreira 
  • Você pode começar a validar horas em programas de treinamento assim que terminar o colegial.
  • Se você ainda não começou a fazer isso, se inscreva em um desses programas durante sua graduação!
2. Não se prenda a escritórios da "velha guarda" 
  • A juventude é o futuro
  • Escritórios precisam incorporar as ideias, energia e entusiasmo dos jovens.
  • Fique atento ao que os Millennials do escritório estão fazendo.
  • Assegure-se de que os jovens profissionais são valorizados nos escritórios onde você fizer entrevistas.
3. Contatos = a chave para o progresso 
  • Conheça todos na comunidade arquitetônica e dos campos adjacentes (de todas as idades e níveis de experiência)
  • Não subestime o valor de uma associação ao IAB ou ao CAU (ou outras entidades profissionais) e oportunidades de fazer contatos.
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Contatos - a chave para o progresso. Cortesia de Wikimedia Commons User Townsville Chamber

4. Não se aborreça com clientes que pensam que sabem tudo sobre arquitetura 
  • Seja paciente.
  • Eduque e mostre várias opções (processos de raciocínio diversos) para abrir a discussão.
  • Seja profissional.
  • Lembre-se que você foi educado(a) como um(a) arquiteto(a) (o/a cliente não)
5. Não tome decisões que não possam ser revistas 
  • O mundo da arquitetura é muito pequeno.
  • Suas ações e decisões serão lembradas.
6. Procure ser o n° 1 
  • Essa é a sua carreira, e apenas sua.
  • Assegure-se de que você esteja adquirindo experiência e aceitando as oportunidades e compensações.
  • Se não estiver, siga em frente!
7. Faça-se ouvir 
  • As melhores ideias nunca são incorporadas aos projetos a menos que sejam ouvidas, apresentadas e defendidas.
  • Muitos processos e detalhes podem ser melhorados se você simplesmente mostrar soluções mais adequadas àqueles que tomas as decisões.
  • Melhorias são sempre apreciadas por diretores e clientes.
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 Todos somos únicos. Sucesso não significa necessariamente um grande escritório. Cortesia de Zeroplus Architects

8. Você deve projetar sua carreira e posição 
  • Todos somos únicos = posições/empregos únicos
  • Reflita continuamente sobre suas experiências para determinar o que você quer realmente fazer.
  • Tome decisões para alcançar seus objetivos.
9. Diferencie-se
  • Desenvolva suas habilidades únicas.
  • Demonstre como elas fazem de você um profissional melhor.
  • Utilize essas habilidades para fazer as coisas por conta própria.
10. Não confunda um estágio com um emprego de tempo integral 
  • Um estágio te introduz ao modo como o escritório funciona e os projetos são desenvolvidos.
  • Empregos de tempo integral implicam em responsabilidades e produtividade (prazos)
  • Empregos de tempo integral = estresse!
11. A tecnologia nos guiará 
  • Você deve ficar na vanguarda da tecnologia.
  • Seja voluntário para aprender novos softwares e lidere sua implementação no escritório.
  • Aprenda BIM e domine essa ferramenta ainda na graduação.
12. Sustentabilidade é seu legado e oportunidade 
  • Se você se dedicar a aprender muito sobre sustentabilidade ainda na graduação, poderá compartilhar seus conhecimentos com os demais arquitetos do escritório, conquistando respeito.
  • Assuma a liderança em sustentabilidade no escritório onde trabalha.
  • Torne-se um LEED Green Associate ainda na graduação.
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   Você deve educar a todos sobre sustentabilidade. Cortesia de Perkins + Will

13. Você precisa se aprofundar em ambientes construídos sustentáveis 
  • Você deve educar todos sobre sustentabilidade.
  • O resultado virá na forma de futuros clientes.
14. Construa comunidades 
  • Apenas 2% das pessoas podem bancar os serviços de um arquiteto.
  • O que você está fazendo para ajudar os outros 98%.
  • Envolva-se com sua comunidade.
15. Salve a profissão 
  • Arquitetos não são justamente recompensados porque o público em geral não valoriza (ou sabe) o que fazemos.
  • Ensine, compartilhe, mostre e demonstre aos outros como podemos melhorar o mundo.
16. Educação não acaba na escola 
  • Você deve permanecer na vanguarda do conhecimento em materiais, sistemas e tecnologias.
  • Não deixe o mundo te passar para trás.
17. Oriente
  • Ajude a ensinar a próxima geração.
  • Uma via de mão dupla (olhe para frente e para trás).
  • Você aprenderá algo no processo e se lembrará o porquê de ter escolhido essa profissão.
18. Não deixe o mau humor te pegar 
  • Inspire-se continuamente na geração mais nova e aproveite seu otimismo e energia.
  • Seja um profissional positivo e otimista.
19. Conserte algo 
  • O mundo está repleto de problemas.
  • Escolha um ou dois deles e os corrija.
20. Complete a tarefa 
  • Você iniciou o processo de se tornar um arquiteto... então conclua.
  • Mantenha seus olhos no prêmio!
21. Consideração final 
  • O edifício mais fácil de se projetar é uma caixa, mas arquitetos não projetam caixas.
  • Arquitetura tem a ver com servir aos outros através do projeto do ambiente construído. Assegure-se de que seu trabalho sirva aos outros e contribua com um mundo mais sustentável.
Espero que essa lista faça você pensar sobre a época em que estava concluindo a escola e embarcando em sua carreira. Se você pudesse voltar atrás e dar algum conselho ao seu eu mais jovem, o que você diria? Que conselho você daria à próxima geração de arquitetos? Por favor, compartilhe suas opiniões nos comentários a seguir.
Kevin Singh é Professor Associado de Arquitetura na Escola de Design da Louisiana Tech University e Diretor do Community Design Activism Center (CDAC) desde 2006. 
Kevin se formou na Ball State University (B.Arch.) e na Auburn University (MBC) e é membro do conselho da Association for Community Design (ACD) desde 2012. Ele foi recentemente homenageado como um dos "40 Under 40" pela revista Building Design + Construction

Fonte:Kevin J Singh. "21 dicas para uma vida bem sucedida na arquitetura" [21 Rules for a Successful Life in Architecture] 23 Sep 2014. ArchDaily Brasil. (Trad. Romullo Baratto) Acessado 28 Set 2014.  http://www.archdaily.com.br/br/627558/21-dicas-para-uma-vida-bem-sucedida-na-arquitetura?ad_medium=widgets&ad_name=most-visited-article-show

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

8 iniciativas urbanas inspiradoras

Reportagem publicada na revista Red Report (fev/2013).
Com suas bicicletas dobráveis na bagagem, duas amigas viajaram o mundo para desenvolver o projeto Cidades para Pessoas, que pesquisa soluções inteligentes para os grandes problemas urbanísticos das metrópoles. Depois de visitar 12 cidades ao longo de nove meses, voltaram cheias de boas ideias
Pedalar é como flertar com uma cidade”, escreveu o músico escocês David Byrne em seu livro Diários de Bicicleta, em que conta peripécias vividas com seu meio de transporte favorito. Partilho da paixão dele pelas bikes: não há veículo melhor para explorar lugares – e se deixar seduzir por eles. Em especial, se forem metrópoles que superaram problemas urbanísticos com soluções criativas, como as 12 cidades onde pedalei, por nove meses, durante a pesquisa para o projeto Cidades para Pessoas.
A viagem foi dividida em duas partes. Na primeira, percorri sozinha sete destinos na Europa: Copenhague (Dinamarca), Amsterdã (Holanda), Londres (Inglaterra), Friburgo (Alemanha), Paris, Lyon e Estrasburgo (as três na França). Na segunda etapa, com a artista plástica Juliana Russo, percorri Cidade do México, Barcelona (Espanha) e, nos Estados Unidos, Nova York, San Francisco e Portland. Tudo financiado coletivamente, graças à plataforma brasileira de crowdfunding Catarse. No final, coletamos boas propostas, como as que contamos a seguir.
1. CopenhagueDo Esgoto à Piscina
Basta atravessar as portas de vidro do aeroporto para entender a fama de cidade mais ciclável do mundo: um mar de bicicletas coloridas estacionadas dá as boas-vindas na capital dinamarquesa. Uma das primeiras cidades modernas a nortear seu desenvolvimento econômico com foco nas pessoas, Copenhague transformou avenidas em vias de pedestres já na década de 1950, quando a maioria dos governos construía viadutos para os carros.
Em 1996, a prefeitura colocou em prática um plano para purificar as águas do canal Havnebadet, que circunda a cidade. Na época, ele estava poluído e isolado das pessoas por uma malha industrial. Essas fábricas foram removidas para uma região mais afastada, e os sistemas de esgoto passaram por ampla modernização: ganharam estações de tratamento e foram construídos reservatórios para que, em dias de chuva, o esgoto não se misturasse à água do canal.
Com a saída das indústrias, o rio voltou a ficar visível e as margens se transformaram em áreas de lazer e recreação, ganhando mobiliário urbano como pistas de skate, quadras poliesportivas, ciclovias e campos gramados. o projeto de limpeza da água foi tão efetivo que, em 2005, foi inaugurada a primeira piscina pública de Copenhague, no meio de um canal. E a capital da Dinamarca passou a trilhar um caminho para adquirir uma nova fama: a de melhor grande cidade do mundo para quem gosta de nadar.
2. LondresMais opções de Mobilidade
“A boa cidade, do ponto de vista da mobilidade, é a que possui mais opções”, explica o planejador urbano Jeff Risom, do escritório dinamarquês gehl Architects. E Londres está entre os melhores exemplos práticos dessa ideia aplicada às grandes metrópoles.
A capital inglesa adotou o pedágio urbano em 2003, diminuindo o número de automóveis em circulação e gerando uma receita anual que passou a ser reaplicada em melhorias no seu já consolidado sistema de transporte público. Com menos carros e com a redução da velocidade máxima permitida, as ruas tornaram-se mais seguras para que fossem adotadas políticas que priorizassem a bicicleta como meio de transporte. Em 2010, Londres importou o modelo criado em 2005 em Lyon, na França, de bikes públicas de aluguel. Em paralelo, começou a construir uma rede de ciclovias e determinou que as faixas de ônibus fossem compartilhadas com ciclistas, com um programa de educação massiva dos motoristas de coletivos. Percorrer as ruas usando o meio de transporte mais conveniente – e não sempre o mesmo – ajuda a resolver o problema do trânsito e ainda contribui com a saúde e a qualidade de vida das pessoas.
3. ParisCalor a favor
Praia, samba bem brasileiro e um calor de 40 graus são, por incrível que pareça, receita urbana de sucesso em Paris. A prefeitura entendeu o que precisa ser percebido melhor no Brasil: o clima quente durante o verão pode ser um recurso positivo se for usado a favor da população.
Criar espaços públicos para que as pessoas possam aproveitar o sol é uma iniciativa que entrou na agenda da cidade em 2002, com a criação da Paris Plage (Praia de Paris). o que começou com um pequeno trecho de praia artificial, criada com tanques de areia, foi se espalhando por quase toda a margem do Rio Sena. Atualmente, nessa época do ano, a avenida que circunda o rio é desativada e ocupada por guardasóis, jatos de água, rodas de samba brasileiras, bibliotecas públicas e atividades de recreação para todas as idades.
E no subsolo da Paris Plage ganhou destaque o centro cultural mais curioso da França: o Museu do Esgoto, que percorre as tubulações da cidade para contar a história da despoluição do Sena. Duas medidas simples – saneamento básico e espaços públicos de veraneio – garantiram um cenário de praia e samba nada convencional, saudável e muito bem-sucedido
4. São FranciscoEstacionamento para Humanos
Tomar um café ou uma cerveja na calçada, apreciando o movimento dos pedestres, tem um sabor especial em San Francisco. Principalmente se você estiver em um parklet, prolongamento da calçada que ocupa antigas vagas públicas de estacionamentos de carros, adaptado para receber mesas e cadeiras para clientes de bares, cafés e restaurantes.
A ideia surgiu, como é comum na vanguardista cidade californiana, de um movimento de engajamento cívico. os sócios da empresa de design urbano Rebar se uniram a amigos ativistas para fazer ocupações artísticas dessas vagas públicas para automóveis. No Dia Mundial sem Carro, o vazio onde caberia um veículo passaria a contar com grama sintética, bancos, árvores, mesas, cadeiras, piqueniques e o que mais viesse à mente das pessoas envolvidas. A ideia era provocar a reflexão: “E se esse espaço, em vez de ser ocupado pelos carros, fosse destinado a pessoas?”. o movimento inspirou funcionários da prefeitura a criar o departamento Pavements to Parks, com o intuito de recuperar para a população as áreas dominadas pelos carros. Com a regulamentação da construção de parklets, o poder público passou a emitir autorizações aos comerciantes interessados em construir e montar o seu. A prefeitura, o comércio e os consumidores saem ganhando.
5. PortlandChuva não é Problema
Ao ler o guia turístico de Portland, já sabíamos o que nos esperava na cidade do estado norte-americano de oregon: uma lista de programas para fazer enquanto está chovendo. No começo dos anos 2000, a estação chuvosa local, que vai de novembro a junho, deixou de ser vista como um problema. Em vez disso, os planejadores e gestores públicos compreenderam que a cidade pedia
soluções de revestimento alternativas ao asfalto – que, impermeabilizado, faz com que a água corra até os rios carregando toda a poluição dos carros. Assim, em 2005 foi adotado o programa grey to green, cujo objetivo era construir infraestrutura ecológica: ruas com concreto permeável, calçadas feitas com pouquíssimo concreto, um tanque de terra – para que a água entre no solo e chegue limpa ao rio – e telhados verdes, que ajudam a filtrar a água e garantem naturalmente o conforto térmico de prédios e casas. Deixar Portland ainda mais encantadora com um rio que fica mais puro a cada ano foi possível com o simples ato de considerar o clima e as peculiaridades locais como recursos, e não problemas.
Outras boas ideias
No processo de melhoria das cidades, projetos não oficiais, que partem da sociedade civil organizada, são tão importantes quanto a gestão pública. Em Nova York, na década de 70, um grupo de ativistas criou o Food Co-op, um mercado que funciona até hoje e onde só associados podem fazer compras. Cada integrante do coletivo trabalha quatro horas por mês, e os alimentos vendidos (por preços baixíssimos) são cuidadosamente escolhidos entre produtos locais, orgânicos e algumas opções industrializadas.
Nesse mesmo esquema de cooperativa, mas com enfoque integral, a Aurea Social foi criada em Barcelona como uma resposta à crise espanhola. Em um espaço cultural, procura-se oferecer de tudo um pouco: saúde pública, moradia, aulas de ioga, horta comunitária etc. É possível pagar com um banco de horas trabalhadas no próprio grupo, fazendo com que todos esses serviços sejam acessíveis a qualquer um disposto a cooperar.
Já na Cidade do México, foi o bom humor que levou o ciclista Jorge Cañez a se vestir com uma máscara de luta livre preta e branca para encarnar, nas ruas, um super-herói chamado Peatónito, que luta pelo respeito aos pedestres no caótico trânsito da capital mexicana.
Como vimos, ao pedalar em meio às boas soluções que existem mundo afora, uma cidade melhor para as pessoas depende basicamente da atitude… das pessoas.
texto: Natália Garcia
ilustrações: Juliana Russo

Fonte: POSTADO EM 

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

A difícil arte de ouvir


Um dos maiores problemas de comunicação tanto das massas como a interpessoal, é de como o receptor, ou seja, o “outro”, ouve o que o emissor, ou seja, a pessoa, falou.
Numa mesma cena de telenovela, notícia de telejornal ou num simples papo ou discussão, observe que a mesma frase permite diferentes níveis de entendimento.
Na conversação, dá-se o mesmo. Raras, raríssimas são as pessoas que procuram ouvir exatamente o que o outro está dizendo.
Diante desse quadro, venho desenvolvendo uma série de observações e, como ando bastante entusiasmado com a formulação delas, divido-as com o competente eleitorado que, por certo, me ajudará, passando-me as pesquisas que tenha a respeito.
Observe que:
  1. Em geral, o receptor não ouve o que o outro fala: ele ouve o que o outro não está dizendo.
  2. O receptor não ouve o que o outro fala: ele ouve o que quer ouvir.
  3. O receptor não ouve o que o outro fala: ele ouve o que já escutara antes e coloca o que o outro está falando naquilo que acostumou a ouvir.
  4. O receptor não ouve o que o outro fala: ele ouve o que imagina que o outro irá falar.
  5. Numa discussão em geral, os discutidores não ouvem o que o outro está falando: eles ouvem quase que só o que estão pensando para dizer em seguida.
  6. O receptor não ouve o que o outro fala: ele ouve o que gostaria, ou de ouvir, ou o que o outro dissesse.
  7. A pessoa não ouve o que o outro fala: ela ouve o que está sentindo.
  8. A pessoa não ouve o que o outro fala: ela ouve o que já pensava a respeito daquilo que a outra está falando.
  9. A pessoa não ouve aquilo que a outra está falando: ela retira da fala da outra apenas as partes que tenham a ver com ela e a emocionem, agradem, ou molestem.
  10. A pessoa não ouve o que a outra está falando: ouve o que confirme ou rejeite o seu próprio pensamento. Vale dizer. Ela transforma o que a outra está falando em objeto de concordância ou de discordância.
  11. A pessoa não ouve o que a outra está falando: ouve o que possa se adaptar ao impulso do amor, raiva ou ódio que já sentia pela outra.
  12. A pessoa não ouve o que a outra está falando: ouve da fala dela apenas aqueles pontos que possam fazer sentido para as idéias e pontos de vista que, no momento, a estejam influenciando ou tocando mais diretamente.
  13. Esses doze pontos mostram como é raro e difícil conversar. Como é raro e difícil de comunicar! O que há em geral, ou são monólogos paralelos, à guisa (tentativa) de diálogo. O próprio diálogo pode haver sem que necessariamente haja comunicação. Esta só se dá quando ambos os pólos ouvem-se, não, é claro no sentido material de “escutar”, mas no sentido de procurar compreender em sua extensão e profundidade, o que o outro está dizendo.
    Ouvir, portanto é muito raro. É necessário limpar a mente de todos os ruídos e interferências do próprio pensamento durante a fala alheia.
    Ouvir implica numa entrega ao outro, numa diluição dele. Daí a dificuldade de as pessoas inteligentes efetivamente ouvirem. A sua inteligência em funcionamento permanente, o seu hábito de pensar, avaliar, julgar e analisar tudo interfere como um ruído na plena recepção daquilo que o outro está falando. O receptor não ouve o que o outro fala: outros elementos perturbam o ato de ouvir.
    Não é só a inteligência a atrapalhar a plena audição. Um deles é o mecanismo de defesa. Há pessoas que se defendem de ouvir o que as outras estão dizendo, por verdadeiro pavor inconsciente de perderem a si mesmas. Elas precisam “não ouvir” porque “não ouvindo” livram-se da retificação dos próprios pontos de vista, da aceitação de realidades diferentes das próprias, de verdades idem e assim por diante. Livram-se do novo, que é saúde, mas as apavora. Não ouvir é, pois um sólido mecanismo de defesa.
    Ouvir é um grande desafio, desafio de abertura interior, de impulso na direção do próximo, de comunhão com ele, de aceitação de como é e como pensa. Ouvir é proeza. Ouvir é raridade. Ouvir é ato de sabedoria.
    Depois que a pessoa aprende a ouvir, ela passa a fazer descobertas incríveis escondidas ou patentes em tudo àquilo que os outros estão dizendo a propósito de falar.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014


O uso da bicicleta nos EUA: As mudanças geradas pelas ciclovias segregadas
Portland, Estados Unidos. © Steven Vance, via Flickr


O aumento recente do número de ciclistas nas cidades brasileiras coloca em pauta a necessidade de uma infraestrutura cicloviária que proporcione mais segurança aos trajetos em duas rodas e que conviva pacificamente com quem se desloca a pé, em transporte público ou de carro.
Para conhecer soluções para esta necessidade, é útil ver o que têm feito outras cidades em relação a esse assunto.
Assim, mostramos a seguir um estudo que revela algumas cifras dos efeitos positivos gerados pela implementação de ciclovias segregadas das pistas dos veículos automotores em cinco cidades estadounidenses, onde não apenas os trajetos se tornaram mais seguros, como também o número de ciclistas aumentou.
Uma ciclovia garante mais segurança às pessoas que se transportam pela cidade de bicicleta?
Esta foi a principal questão da enquete realizada pelo acadêmico Christopher Monsere, da Portland State University, como parte de uma pesquisa que buscava conhecer as consequências da implementação de ciclofaixas em Austin, Chigaco, Portland, São Francisco e Washington. Cabe mencionar que algumas destas cidades não apenas não contavam com ciclovias segregadas, como em certos lugares não havia ciclovia alguma.
A segurança efetivamente se tornou uma realidade e, se analisarmos os números, os resultados são muito encorajadores para se considerar as ciclovias uma opção para as cidades brasileiras.
De acordo com os resultados, nas novas ciclovias segregadas o número de ciclistas passou de 21% para 171% nos casos mais extremos. Além disso, através de enquetes pôde-se determinar que os cidadãos que optaram pela bicicleta como meio de transporte – e que utilizavam outro meio de transporte motorizado – representam 10%.
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Assim, o estudo permite concluir que as ciclovias segregadas não apenas fazem com que os ciclistas se sintam mais seguros, como também incentivam o uso da bicicleta como meio de transporte público.
Via Plataforma Urbana. Tradução Arthur Stofella, ArchDaily Brasil.


Fonte:Constanza Martínez Gaete. "O uso da bicicleta nos EUA: As mudanças geradas pelas ciclovias segregadas" 02 Sep 2014. ArchDaily. Accessed 3 Set 2014.http://www.archdaily.com.br/br/626273/o-uso-da-bicicleta-nos-eua-as-mudancas-geradas-pelas-ciclovias-segregadas