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quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

MODA CAMILA COELHO

MODA FEMININA: 


IT GIRL BRASILEIRA: CAMILA COELHO


Camila Figueiredo Coelho é Make Up Artist e Blogueira do SUPER VAIDOSA.


 Assistam os tutoriais de maquiagem dela (AQUI

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015



Desejo:

Fruto do mato
Cheiro de jardim
Domingo de chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com amor
Filme com cobertor
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Música de Tom
Com letra de Chico
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Noite de lua cheia
Rever uma velha amizade
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho 
Sarar de resfriado
Tomar banho de cachoeira
Aprender uma nova canção
Pôr-do-sol na roça
Uma festa 
Um violão
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona
Ouvir a chuva no telhado...

(Carlos Drummond de Andrade)






A cidade e suas múltiplas leituras
Quando se pauta a revisão do Plano Diretor,forma-se uma expectativa generalizada, como se fosse a “salvação da lavoura” a ser legislada. Pauta legítima que ainda ignora sua alma mater, já que a essência do debate acaba sendo conduzida pelo pensamento hegemônico, fixado na estratégia tecnocrata do que é concreto, com apelo economicista. O subjetivo e o invisível não são copercebidos, muito menos os seus custos, não sendo assim planejados e, portanto, gestionados. Por estarem atreladas a um processo cognitivo, as leituras da cidade são múltiplas, e é aí que se descortina um cenário de oportunidades. Revelam-se outras urgências!
Este tradicional modelo de planejamento passa a ser contrariado por formas heterodoxas de copercepção do território. O conjunto dessas formas é o maior ativo intelectual possível: a conversa significativa entre áreas do conhecimento interconectadas que, por não ser propositada, ocasiona a prática fragmentada; entretanto, a cidade, ao ser considerada como um todo orgânico, passa a ser tratada como um corpo sistêmico, dinâmico, desequilibrado, vulnerável e em constante crise existencial, pois sempre se transforma com as conexões sociais e materiais que emergem e que, a priori, deveriam ser neutralizadas pelas intervenções públicas a favor do cumprimento da sua função social.
Admite-se a existência do quarto setor caracterizado pelas relações de empoderamento, onde a cocriação é a maneira de se romper tais modelos tradicionais?
A consciência que surge da inteligência coletiva compartilhada é a força comunitária e empreendedora que conduz a busca da verdade e a interlocução entre os diversos grupos, se assim representantes da sociedade civil organizada, ou até mesmo pela força dos indivíduos, atores que se livram dos seus papéis institucionais e mantêm laços espirituais que os fortalecem como ser humano e como protagonista social. O indivíduo não é o anfitrião que deveria ser desse processo, pois é conduzido pela cegueira frente ao mecanicismo da sua sobrevivência.
A jornada que insiste pela manutenção de uma “receita” metodológica sistematizada e orçada por temas “da vez”, validada pelas inúmeras audiências públicas, expõe o senso crítico, pois os preceitos das conversas significativas que revelam as vísceras e os potenciais humanos e sociais são mascarados pelos interesses desalinhados, ora do Estado, ora do mercado, ora das ONGs, e que se distanciam dos propósitos mais divinos de um lugar e do seu povo. O discurso se torna repetitivo, voltado à representação imagética, e nada inovador. Não se atenta ao chamado da construção das raízes futuras que possam, na sua plenitude, revolucionar e transformar aqueles que mais necessitam: os que permanecem na sua alienante zona de conforto ou os que estão à margem de todo esse sistema antropofágico. Basta andar pelos cantos mais remotos da cidade, ou pelos cantos mais destacados pela impessoalidade do “não lugar”: efêmero, sem identidade, terra de ninguém. A lavoura não está salva, pois não há colheita.
Mapeamos os “não lugares”, receptivos ao nosso imaginário e à nossa pertença, para que possamos descobrir a verdade enigmática da sustentabilidade e dos seus valores e significados culturais.
Plano Diretor de Curitiba: decifra-me ou te devoro!
Ou, te espero daqui a mais dez anos.
Carlos Nigro
Carlos Nigro, arquiteto e urbanista, é conselheiro do Instituto de Arquitetos do Brasil e do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Paraná, decano da Escola de Arquitetura e Design da PUCPR e autor do livro (In)Sustentabilidade Urbana.

Fonnte: http://iabto.blogspot.com.br/2015/01/a-cidade-e-suas-multiplas-leituras.html

10 filmes imperdíveis do "Cinema e Arquitetura": cidades e lógicas urbanas atuais


Cena de "The Human Scale"     Cena de "The Human Scale"

Como estamos construindo nossas cidades hoje? Quais são os parâmetros e atores que determinam sua forma e seu funcionamento? Como arquitetos, estamos "fazendo cidades" da maneira correta?
cinema se refere constantemente a cidade e se inspira nas suas problemáticas para falar de nós mesmos. Nos mostra como nosso entorno construído influencia diretamente na nossa vida cotidiana e nos convida a sermos partícipes ativos da sua construção. Às vezes, ele faz isto de maneira crua e direta, outra vezes, acompanhado de ação, comédia ou alguma história de amor. Apresentamos aqui 11 filmes imperdíveis - publicados anteriormente no nosso site - nos quais a cidade é a verdadeira protagonista.

O tema pobreza já foi abordado através de vários pontos de vista ao longo da história do cinema. Muitas delas são visões românticas e que servem como mero plano de fundo para uma história pouco comprometida com a realidade.
"Mumbai é a representação de qualquer cidade em desenvolvimento do mundo. Está cheia de vitalidade graças ao grande número de pessoas e seu objetivo é alcançar o progresso e a "modernidade" que hoje em dia possuem os países de primeiro mundo. Graças a uma crescente indústria portuária e a introdução de capital estrangeiro, a cidade cresce a passos largos. Mas, o desenvolvimento não é equitativo e ao invés da pobreza desaparecer, ela não faz outra coisa senão aumentar".
Hoje, Cinema e Arquitetura vai até a Espanha para apresentar-lhes o documentário "Bye Bye Barcelona", filmado, editado e dirigido por Eduardo Chibás. Nas palavras de seu diretores, "é um documentário sobre uma cidade e sua relação com o turismo, sobre a difícil convivência entre Barcelona, barcelonenses, o turismo e os turistas.
"Os barceloneses viram como em uma só década, a quantidade de turistas triplicou e como a economia tem girado a serviço do turismo sabendo explorar exitosamente um patrimônio construído por gerações anteriores. Ninguém duvida que o turismo é uma enorme fonte de dinheiro para Barcelona e para alguns dos seus cidadãos, masespaços emblemáticos da cidade estão sendo perdidos em prol de um turismo massivo, que cada vez mais desgasta e ocupa".
O primeiro Cinema e Arquitetura do ano, apresenta o filme brasileiro "Elevado 3.5" de Maíra Santi Bühler, Paulo Pastorelo e João Sodré, que mostra o mundo das pessoas que vivem ao redor do Elevado Presidente Costa e Silva, mais conhecido como Minhocão, construído na zona central de São Paulo durante a ditadura militar
"Um documentário que mostra o mundo das pessoas que vivem ao redor da via expressa elevada, o Minhocão, construída na zona central de São Paulo durante a ditadura militar. Do nível da rua até o pavimento superior, o espectador é levado por diferentes pontos de vista. Por cima e por baixo da via, sob sua sombra ou a luz da cidade, o documentário se desenvolve através das histórias dos personagens que convivem cotidianamente com esta grande estrutura de cimento".

Apresentado recentemente no Arqfilmfest Santiago de Chile 2013, o documentário "Espacio Modular" ("Espaço Modular" - tradução livre), de Bautista Cofré Yáñez e Nicole Ampuero Rodríguez, retrata a chegada do negócio imobiliário à cidade de Valparaíso."    
                                                                                                                                                                 Hoje a cidade de Valparaíso se transforma e avança deixando para trás sinais claros de deterioração. Uma lógica habitacional moderna e com mínima regulamentação é imposta, alterando a coerência arquitetônica e identitária da cidade, restringindo o livre acesso ao sol, ar fresco e a vista para o mar. Ela é vendida a portenhos santiaguinos e estrangeiros como um produto de elevado custo, privatizando assim o patrimônio de todos os seus habitantes.

"Num mundo onde sete bilhões de não-arquitetos constroem as cidades [...] a linguagem do arquiteto, para se referir ao projeto e construção da cidade está obsoleta." Através da compilação do material recolhido por Urban-Think Tank durante o período de três anos, este documentário dirigido por Martin Schwartz & Daniel Andersson, retrata a realidade da informalidade urbana em todo o mundo, estruturado numa viagem irreal pelo mundo em apenas um dia."    
                                                                                                                                                      Fazendo perguntas ao invés de apresentar respostas, Grande Horizonte tem como objetivo ampliar a perspectiva dos espectadores sobre o mundo em que vivem e o mundo que poderiam ajudar a criar. O filme está baseado na filosofia de que o futuro do desenvolvimento urbano radica na colaboração entre os arquitetos, os governos, a empresa privada e a população mundial dos bairros marginais".
O curta-metragem "Casalata" - realizado por Lara Plácido e Ângelo Lopes -,foi produzido durante um curso de pós-graduação em cinema na M_ EIA (Instituto Internacional de Arte, Tecnologia e Cultura) em Mindelo, Cabo Verde. O filme centra-se no déficit habitacional dos bairros de Mindelo e nos problemas causados ​​por suas construções humildes de lata.
"A ilusão de encontrar uma vida melhor nas cidades consolidadas leva as pessoas a irem até elas, mas o sonho rapidamente se desmorona e a falta de oportunidades empurra famílias inteiras aos aglomerados de lata que aparecem, dia após dia, na paisagem de Cabo Verde. O problema da falta de moradias não se resolve de um dia para ou outro. As famílias alojadas nas casas de lata continuarão vivendo em condições sub-humanas por tempo indeterminado, ainda que todos os esforços governamentais se concentrem nesta problemática". 
Hoje em Cinema e Arquitetura apresentamos "Medianeras" (2011), filme do diretor argentino Gustavo Taretto. Como explica seu diretor, o filme é construído sobre quatro pilares: a cidade (neste caso Buenos Aires), caótica, imprevisível mas também atrativa / a solidão urbana, a convivência diária com desconhecidos perfeitos, que são indiferentes entre si / a incomunicação, a tecnologia, pensada para nos conectar, paradoxalmente nos separa / a busca do amor, a dificuldade de duas pessoas que vivem na mesma quadra e são "almas gêmeas" se encontrarem. 
"Buenos Aires, caótica, imprevisível mas ao mesmo tempo atrativa. A solidão humana, como se convive diariamente com perfeitos desconhecidos, que, por sua vez, são indiferentes entre si. A falta de comunicação, a tecnologia pensada para nos conectar que paradoxalmente nos separa. A busca pelo amor, a dificuldade de duas pessoas, que se encaixam perfeitamente e que inclusive vive na mesma quadra, em se encontrarem".
74 m2 é um documentário que retrata a travessia das líderes de 150 famílias em Valparaíso para conseguir a casa própria. A equipe liderada pela direção de Tiziana Panizza e Paola Castillo acompanhou estas mulheres durante sete anos, abordando o tema da integração social no novo bairro, as divisões na comunidade e os desastres provocados pelas chuvas nas novas residências. 
"Iselsa e Cathy decidiram fazer parte de um projeto único, desenhando por líderes da arquitetura social, que lhes entregarão sua casa própria integrada ao um bairro de classe média. O documentário observa o processo durante 7 anos: a falta de recursos, a integração a um bairro que os rejeita, problemas na construção e o desastre provocado pelas chuvas de inverno. O desafio ainda mais difícil será superar a divisão da comunidade".
Esta semana no Cinema e Arquitetura apresentamos o filme "Squat, La ville est à nous", do diretor Christophe Coello. O filme mostra a ação do coletivo "Miles de viviendas", seguindo duas ações entre os anos de 2003 e 2011; um coletivo que busca lutar contra a especulação imobiliária e a degradação da vida urbana através da ocupação de habitações abandonadas em Barceloneta.
"Estamos em um bairro de Barcelona, preso a especulação, mas o cenário poderia ser qualquer outra cidade importante da Europa. Gentrificação, rendas exorbitantes, operações de reabilitação para "remodelar" a população de um centro ou uma rua da cidade: o espectador se movimenta por um território familiar. O filme é uma proposta de luta coletiva contra o concreto e sistemático".
Hoje em dia 50% da população mundial vive em zonas urbanas e no ano 2050 esta porcentagem aumentará para 80%. A vida nas grandes cidades é atrativa e problemática ao mesmo tempo. Hoje enfrentamos o auge do petróleo, o câmbio climático, a solidão e graves problemas de saúde devido ao nosso estilo de vida.
"Jan Gehl, arquiteto e professor danês, estudou o comportamento humano nas cidades durante 40 anos. Ele documentou como as cidades modernas repelem a interação humana e afirma que podemos começar a construir cidades de uma maneira em que as necessidades humanas da inclusão e intimidade sejam levadas em conta".
 
Fonte:Victor Delaqua. "10 filmes imperdíveis do "Cinema e Arquitetura": cidades e lógicas urbanas atuais " 02 Jan 2015. ArchDaily Brasil. Acessado 3 Jan 2015.http://www.archdaily.com.br/br/759791/10-filmes-imperdiveis-do-cinema-e-arquitetura-cidades-e-logicas-urbanas-atuais

3 de Janeiro de 1521 Martinho Lutero é excomungado pelo Igreja Católica




O Papa Leão X chegou a classificar Lutero como um "alemão bêbado que escrevera as teses", e afirmou que quando estivesse sóbrio mudaria de opinião. Em 1518, ele pediu ao professor de teologia Silvestro Mazzolini que investigasse o assunto. O “protestante” foi então denunciado por se opor de maneira implícita à autoridade do Sumo Pontífice. Declarou Lutero um herege e escreveu uma refutação acadêmica. Nela, mantinha a autoridade papal sobre a Igreja e condenava as teorias de Lutero como um desvio, uma apostasia. Foi a réplica de Lutero que deu início à controvérsia.

Lutero participou da convenção dos agostinianos em Heidelberg, onde apresentou uma tese sobre a escravidão do homem ao pecado e à graça divina.
 No decurso da controvérsia sobre as indulgências, o debate se elevou ao ponto de suscitar a dúvida do poder absoluto e da autoridade do Papa. O argumento era de que as doutrinas de "tesouraria da Igreja" e "tesouraria dos merecimentos" serviam para reforçar a doutrina e a venda das indulgências. O papa ordenou que Lutero viajasse para Roma, coisa que, por razões políticas, nunca ocorreu.



Em 1518 Lutero foi chamado para responder a um processo instaurado por Roma. Mas, por interferência de Frederico, o Sábio, Príncipe da Saxónia  o Papa consentiu que a questão fosse tratada na Alemanha. Exigia -se  que Lutero se retratasse, o que este não fez. Tinha Lutero nessa época o apoio do capítulo da Ordem dos Agostinhos e do corpo docente da Universidade de Wittenberg. Como Lutero recusava retratar-se, a resposta do Papa foi a bula de excomunhão Exsurge Domine (15 de Junho de 1520). A 3 de Janeiro de 1521 esgotou-se o prazo dado na bula, sendo então proferido o anátema definitivo pelo Papa Leão X através pela bula Decet Romanum Pontificem.



Filme que mostra a luta de Martinho Lutero por seus ideais e sua repercussão mundial. A obra passa informações sobre a visão de Lutero quanto as Indulgências da Igreja Católica; seus ideais após a volta de Roma; a visita de Tetzel em Wittenberg; as 95 Teses de Lutero e o julgamento destas; os conflitos com o Papa Leão X; o impacto de sua postura na Alemanha e a tradução dos livros sagrados para sua língua mãe.
Martinho Lutero carregou consigo, durante algum tempo, um extremo desejo de se tornar padre. Em 1507 chegou a Enfurt, na Alemanha para trabalhar como professor de Teologia na Universidade de Wittemberg que fora fundada pelo Príncipe Frederico III. Em sua primeira missa, Lutero obteve um suposto desequilíbrio emocional, mas na verdade, já eram as dúvidas que pairavam em sua mente começando a ganhar força. A partir deste momento, questionamentos sobre a postura da Igreja Católica começaram a incomodar os conceitos de Lutero, que acreditava na existência de um caminho “gratuito” ao amor de Cristo e da salvação.
Lutero morreu em 1546, aos 63 anos. Após seu casamento, ele ainda pregou seus entendimentos por mais dezesseis anos e muitos dos que vieram a conhecer seus escritos ficaram de seu lado, dando continuidade ao processo de expansão. Os efeitos do protesto de Lutero perpetuam, principalmente, na sociedade alemã, mas repercutem em todo o mundo.
Fontes: Opera mundi /estoriadahistória / .wikipedia
O que vêem os arquitetos?
© Lorenzo Días Campos / Podio
© Lorenzo Días Campos / Podio

Olhos que não vêem é o título de três textos de Le Corbusier, um dedicado aos transatlânticos , outro aos aviões e o último aos automóveis. Saber ver a arquitetura é o título de um livro de Bruno Zevi. Os arquitetos, ao menos é o que dizem, vêem outras coisas. Não sei se mais, porém outras.
Todavia, Walter Benjaim - que não era arquiteto mas muito escreveu sobre edifícios e cidades, e levou Sigfried Giedion, que tampouco era arquiteto mas construiu boa parte da mitologia do modernismo no raiar do século passado - dizia que o cinema é percebido como a arquitetura: de maneira distraída e coletivamente. Ninguém entra em um edifício, dizia Benjamin, apenas para observá-lo. Ou sim: os turistas; mas esses são um caso à parte, ainda que numerosos.
E o que vêem os arquitetos?
Há algumas semanas vi essa foto feita por Lorenzo Díaz Campos publicada no Podio. Na foto estão, em primeiro plano,  David Chipperfield, arquiteto do museu, Mauricio Rocha e Michel Rojkind. Os três estão olhando para cima, coisa que fazemos apenas, creio, ao ar livre, para ver o céu, as nuvens ou algum avião ou, se sob um teto, para olhar a iluminação. A menos, claro, que se esteja na Capela Sistina ou algum edifício similar, se não, não há razão para ver o teto. Mas os três arquitetos olham para cima. Cada um para um lado.
Provavelmente Chipperfield descreve um detalhe geral ou explica as razões de ter tomado certa decisão - que a luz seja uniforme, por exemplo - e não algo específico - "vejam aquela mosca ali em cima." Essa atenção concentrada em um ponto ou objeto, em um edifício e seus detalhes, não é, se acreditarmos em Benjamin, a maneira habitual de ver um edifício. Tampouco de descrevê-los.
Também há pouco tempo, folheando o jornal, li um anúncio imobiliário. A imagem que o ilustrava me recordou outras. Não era a melhor fotografia de um edifício que, pouco antes, Lucio Muniain havia mostrado em sua página no Facebook. Lucio descreve seu projeto a partir de certas decisões que tiveram, de novo, consequências  formais: não projetar deixando-se guiar pela forma mais simples de se livrar de restrições, abrir-se às vistas ou responder à topografia. Comentaram no Facebook que a planta tem referências óbvias nas de Alvar Aalto: claro, respondeu Lucio. O projeto segue, pois, razões que respondem à legislação, ao terreno e às vistas, à história da arquitetura. Como o descreve o vendedor? "Área de 173 m², dois ou três quartos, duas vagas na garagem, sala de eventos, academia equipada, jardim."
Insisto: suponho que o vendedor sabe o que faz. Ele explica o projeto segundo o que julga interessar o possível comprador e talvez ao possível morador que, provavelmente, não sabe o que a legislação exige e prefere ver uma televisão de 60 polegadas à perspectiva de sua janela. Muito provavelmente, nem o vendedor nem o comprado jamais tenham ouvido falar de Alvar Aalto - e talvez não tenho por que ter ouvido falar dele. O curioso, por assim dizer, é que algum desses compradores poderia ser um leitor assíduo de livros, bons ou ruins, não importa - e reconhecer o que lhe agrada por suas características: pelo tema ou  estilo do autor, pelas influências que reconhece em seus textos. Ou poderia ser um apreciador incondicional de música, amante de Bach ou fanático por Radiohead, e ter todos os álbuns, mesmo os mais difíceis de encontrar. Porém, com a arquitetura é diferente, chega a ser excepcional o interesse daqueles que não são arquitetos - para dizer a verdade, as vezes há inclusive arquitetos que ignoram muito disso e pensam em seus projetos nos mesmos termos do vendedor: metros quadrados, número de quartos e vagas na garagem, amenidades.
Poderá a arquitetura despertar a paixão do grande público - isto é, massivamente e não de modo excepcional?  Ou está condenada, como sugere Benjamin, a ser vista apenas de relance, a ser usada, ocupada, e habitada, às vezes carinhosamente, é verdade, mas nunca com a atenção que se observa um quadro.?
Às vezes penso que nem sequer esses edifícios que muitos leigos aplaudem, apesar dos arquitetos os detestarem, são capazes de conseguir essa façanha. Tampouco os ícones, antigos ou novos, indispensáveis no itinerário do turista profissional. E caso não seja uma falha, mas apenas uma condição: assim é e será. Mas então, quando prestam atenção a uma obra ou quando descrevem seus próprios projetos, o que vêem os arquitetos?
Alejandro Hernández GálvezArquiteto Mexicano. Finalista e vencedor de diversos concursos através de seu escritório f304. Projetou exposições e participou nas principais bienais de arquitetura do mundo. Editor da revista Trazos, diretor editorial da revista Arquine e colunista do jornal Reforma.

Esse artigo foi escrito por um de nossos leitores e selecionado por nossa equipe editorial. 




 Fonte:Hernández Gálvez, Alejandro. "O que vêem os arquitetos?" [¿Qué ven los Arquitectos?] 03 Jan 2015.ArchDaily Brasil. (Trad. Romullo Baratto) Acessado 4 Jan 2015.  http://www.archdaily.com.br/br/759662/o-que-veem-os-arquitetos