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segunda-feira, 29 de setembro de 2014

A vida é um Sopro – Oscar Niemeyer – Documentário

A Vida é um Sopro A Vida é um Sopro A vida é um Sopro - Oscar Niemeyer - Documentário a vida e um sopro
A Vida é um Sopro
É possível contar a história de um povo através da sua arquitetura? Dizem que o aspecto mais importante da aparência dos edifícios está no que vislumbramos a respeito das sociedades que os construíram. Seguindo este raciocínio, podemos afirmar que a arquitetura de Oscar Niemeyer e outros arquitetos da sua geração é, com certeza, o que de melhor o Brasil produziu. Uma arquitetura com alma própria, inspirada na geografia de nosso país, que acabaria por influenciar arquitetos no mundo inteiro.

Oscar Niemeyer – A vida é um sopro 
é um filme que, sem pretender ser inovador ou genial como o personagem que lhe serve de tema, procura se pautar na clareza de suas linhas e na poética de suas formas, para (re)construir a história do maior ícone da Arquitetura Moderna Brasileira. Uma história indissociavelmente ligada às transformações do país neste último século.
No documentário, de 90 minutos, o arquiteto conta de forma descontraída como concebeu seus principais projetos. Mostra como revolucionou a Arquitetura Moderna, com a introdução da linha curva e a exploração de novas possibilidades de utilização do concreto armado. Fala também sobre sua vida, seu ideal de uma sociedade mais justa e de questões metafísicas como a insignificância do Homem diante do Universo.
Produzido pela Santa Clara Comunicação e rodado em vídeo digital e 16mm no Brasil, na Argélia, França, Itália, Estados Unidos, Uruguai, Inglaterra e Portugal, A vida é um sopro é costurado por imagens de arquivo inéditas e raras, e por depoimentos de personalidades como os escritores José Saramago, Eduardo Galeano e Carlos Heitor Cony, o poeta Ferreira Gullar, o historiador Eric Hobsbawn, o cineasta Nelson Pereira dos Santos, o ex-presidente de Portugal Mário Soares e o compositor Chico Buarque.
Gênero: Documentário
Ano/Produção: 2007/Brasil
Duração: 90 min.
Fonte: Sinopse / Trailer YouTube


Nova Iorque mostra que ciclovias protegidas são realmente um avanço


© Flickr CC User Paul Krueger   

  © Flickr CC User Paul Krueger

A implementação de ciclovias protegidas nas cidades frequentemente suscita objeções de condutores que acreditam que dedicar uma pista inteira aos ciclistas prejudica o fluxo dos carros e cria mais congestionamentos nas cidades. Contudo, um estudo sobre as ruas de Nova Iorque que vem sendo desenvolvido desde a implementação das primeiras ciclovias protegidas na cidade em 2007, mostra que, na realidade, o oposto é verdadeiro: separar os diferentes tipos de tráfego torna os deslocamentos mais rápidos.
Isso sem nem considerar os benefícios para a segurança dos ciclistas que este tipo de ciclovia garante, com o estudo demonstrando que o risco de acidentes envolvendo ciclistas e pedestres diminuiu nas ruas onde as ciclovias protegidas foram instaladas.
Saiba mais sobre os resultados desse estudo, a seguir.
O estudo mostra que, mesmo com o o grande aumento do número de ciclistas, o número total de acidentes envolvendo os que se deslocam sobre duas rodas caiu entre 2001 e 2013, representando uma diminuição de 65% no risco de acidentes relacionados com o ciclismo urbano. O número total de acidentes envolvendo todos os meios de transporte caiu 20% nesse período.
Além disso, o tempo de deslocamento nessas ruas também diminuiu. Por exemplo, o tempo gasto no trânsito na Columbus Avenue caiu 35%. Na Primeira Avenida a velocidade média dos táxis aumentou nos trechos onde as ciclovias foram instaladas; porém, nos trechos sem ciclovias houve um aumento no tempo de deslocamento.
Falando à FastCo, Josh Benson, diretor dos programas para ciclistas e pedestres do New York City Department of Transportation, atribuiu o aumento na velocidade do tráfego ao desenho das interseções de vias, onde os carros que dobram as esquinas contam com uma área dedicada onde podem aguardar sem atrapalhar o fluxo: "Com essa área de remanso fora do fluxo você consegue ver o ciclista, o ciclista consegue ver o veículo dobrando a esquina, você pode parar e não se sentir pressionado pelo trânsito de trás a fazer um movimento rápido. Essa é uma grande medida de segurança associada a esse tipo de ciclovia, mas que também beneficia o trânsito."
Além desses resultados, o estudo também descobriu que as ruas com ciclovias protegidas apresentaram maior crescimento comercial que as ruas sem ciclovias. Essa demonstração empírica de que ciclovias são boas para mais pessoas além dos ciclistas é importante para convencê-las a reivindicar mais delas, disse Sean Quinn, co-diretor do Grupo de Projetos para Pedestres do DOT: "Não vamos apenas dizer que esse é um equipamento para bicicletas e que vai beneficiar um meio de transporte - diremos que as ciclovias têm o potencial de beneficiar a todos nos bairros onde forem instaladas."
Via Fastco Exist



Fonte:Stott, Rory. "Nova Iorque mostra que ciclovias protegidas são realmente um avanço" [New York Shows that Protected Cycle Lanes are a Win-Win Improvement] 27 Sep 2014. ArchDaily Brasil. (Trad. Romullo Baratto) Acessado 28 Set 2014. http://www.archdaily.com.br/br/627730/nova-iorque-mostra-que-ciclovias-protegidas-sao-realmente-um-avanco?utm_source=ArchDaily+Brasil&utm_campaign=e56d4308c8-Archdaily-Brasil-Newsletter&utm_medium=email&utm_term=0_318e05562a-e56d4308c8-407774757

4 propostas para o primeiro parque elevado de Washington
© OLIN / OMA    
© OLIN / OMA
OMA, Höweler + Yoon, NEXT Architects, e Cooper, Robertson & Partners fazem parte das quatro equipes competindo para projetar o primeiro parque público elevado de Washington D.C.. Como parte de um concurso de seis meses de duração, as equipes acabam de divulgar suas propostas preliminares para o que será conhecido como o 11th Street Bridge Park.
Suspenso sobre o Rio Anacostia, o parque busca reconectar dois distritos bastante diferentes da cidade e reaproximar a população das orlas do rio. Espaços educativos e de performances, além de cafés e áreas desportivas, farão parte do programa do parque.
Dê uma olhadas nas quatro propostas, a seguir.
Balmori Associates / Cooper, Robertson & Partners
O Bridge Park funcionará tanto como um centro cívico quanto como um parque. Ele é mais que o cruzamento de um rio; é um lugar. Será uma proposta pioneira por reforçar o sentido de comunidade na população que o utilizará. Através do projeto do Bridge Park, acreditamos que podemos ajudar a reconectar os diversos bairros em ambos os lados do rio, reaproximar a água da vida das pessoas, melhorar a qualidade dos espaços públicos através de atividades físicas e sociais, e gerar novos empregos para os cidadãos locais. Essas ideias moldaram nossa proposta. Nosso objetivo é criar um Bridge Park que seja inclusivo, memorável e simbólico. 
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  © Balmori Associates / Cooper, Robertson & Partners
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 © Balmori Associates / Cooper, Robertson & Partners

OLIN / OMA
Nossa proposta para o 11th Street Bridge Park—o Anacostia Crossing— é um lugar de trocas. O parque conectará dois lados historicamente separados com uma série de espaços e programas externos e zonas ativas que proporcionarão um espaço de engajamento suspenso sobre - ainda que ancorado no - rio Anacostia. Para criar esse lugar - mais um destino que uma passagem - concebemos a ponte parque como um momento claro de interseção onde os dois lados do rio convergem e coexistem. OAnacostia Crossing oferecerá diversos programas, um novo parque para o bairro, um local de descanso para os trabalhadores locais, um refúgio para os habitantes e um território para os turistas explorarem. 
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Stoss Landscape Urbanism / Höweler + Yoon Architecture
Historicamente, pequenos barcos e balsas proporcionaram conexões vitais entre os rios de Washington, incluindo locais ao longo do rio Anacostia. Num passado não tão recente, as balsas transportavam os trabalhadores que habitavam os bairros próximo ao Anacostia e os levavam ao longo do rio para seus empregos. Essas cruzamentos de balsa se tornaram locais de encontro e trocas sociais, e não apenas locais de passagem. Nosso projeto propõe um novo cruzamento que estabelece novas conexões ao longo do Rio Anacostia e entre as comunidades de cada margem dele.
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      © Stoss Landscape Urbanism / Höweler + Yoon Architecture
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  © Stoss Landscape Urbanism / Höweler + Yoon Architecture
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© Stoss Landscape Urbanism / Höweler + Yoon Architecture

Wallace Roberts & Todd (WRT) / NEXT Architects / Magnusson Klemencic Associates
Bem vindo ao Anacostia Landing, um parque de 25 acres desenvolvido ao redor do Rio Anacostia, um portal para a história do local e a partir do qual os distritos próximos se desenvolverão como cidades costeiras. O projeto desenvolvido pela parceiraWRT/NEXTatende e dá forma aos objetivos do edital do concurso: reconectar as diversas comunidades, reaproximar as pessoas da água, melhorar a saúde pública através da recreação e lazer, e expandir as oportunidades econômicas. 
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   © Wallace Roberts & Todd (WRT) / NEXT Architects / Magnusson Klemencic Associates
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  © Wallace Roberts & Todd (WRT) / NEXT Architects / Magnusson Klemencic Associates
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     © Wallace Roberts & Todd (WRT) / NEXT Architects / Magnusson Klemencic Associates

A equipe que continuará desenvolvendo a proposta será anunciada em outubro. Dê uma nota para cada projeto aqui.

Fonte:Rosenfield, Karissa. "4 propostas para o primeiro parque elevado de Washington" [4 Visions Released for D.C.’s First Elevated Park] 28 Sep 2014.ArchDaily Brasil. (Trad. Romullo Baratto) Acessado 28 Set 2014. http://www.archdaily.com.br/br/627756/4-propostas-para-o-primeiro-parque-elevado-de-washington

21 dicas para uma vida bem sucedida na arquitetura
Escritórido BIG. Cortesia de BIG-Bjarke Ingels Group  
 Escritórido BIG. Cortesia de BIG-Bjarke Ingels Group

Originalmente publicado em Entrepreneur ArchitectKevin J Singh, Professor Associado da Louisiana Tech, nos mostra neste artigo 21 pontos sobre como ter uma vida bem sucedida e feliz como arquiteto. A lista dá algumas diretrizes que certamente ajudarão estudantes e jovens arquitetos, mas que podem também ser úteis a profissionais não tão jovens que necessitam repensar o que lhes é mais importante na vida profissional. 
O que vem a seguir é uma compilação da palestra que proferi em meu último dia de aula. Em vez de recapitular o conteúdo ou aplicar uma prova final, compartilhei com meus alunos uma apresentação intitulada You Finish School and Start to Practice. Nela apresento uma série de declarações seguidas por breves explicações.
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     Cortesia de WRNS Studio

1. Começando sua carreira 
  • Você pode começar a validar horas em programas de treinamento assim que terminar o colegial.
  • Se você ainda não começou a fazer isso, se inscreva em um desses programas durante sua graduação!
2. Não se prenda a escritórios da "velha guarda" 
  • A juventude é o futuro
  • Escritórios precisam incorporar as ideias, energia e entusiasmo dos jovens.
  • Fique atento ao que os Millennials do escritório estão fazendo.
  • Assegure-se de que os jovens profissionais são valorizados nos escritórios onde você fizer entrevistas.
3. Contatos = a chave para o progresso 
  • Conheça todos na comunidade arquitetônica e dos campos adjacentes (de todas as idades e níveis de experiência)
  • Não subestime o valor de uma associação ao IAB ou ao CAU (ou outras entidades profissionais) e oportunidades de fazer contatos.
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Contatos - a chave para o progresso. Cortesia de Wikimedia Commons User Townsville Chamber

4. Não se aborreça com clientes que pensam que sabem tudo sobre arquitetura 
  • Seja paciente.
  • Eduque e mostre várias opções (processos de raciocínio diversos) para abrir a discussão.
  • Seja profissional.
  • Lembre-se que você foi educado(a) como um(a) arquiteto(a) (o/a cliente não)
5. Não tome decisões que não possam ser revistas 
  • O mundo da arquitetura é muito pequeno.
  • Suas ações e decisões serão lembradas.
6. Procure ser o n° 1 
  • Essa é a sua carreira, e apenas sua.
  • Assegure-se de que você esteja adquirindo experiência e aceitando as oportunidades e compensações.
  • Se não estiver, siga em frente!
7. Faça-se ouvir 
  • As melhores ideias nunca são incorporadas aos projetos a menos que sejam ouvidas, apresentadas e defendidas.
  • Muitos processos e detalhes podem ser melhorados se você simplesmente mostrar soluções mais adequadas àqueles que tomas as decisões.
  • Melhorias são sempre apreciadas por diretores e clientes.
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 Todos somos únicos. Sucesso não significa necessariamente um grande escritório. Cortesia de Zeroplus Architects

8. Você deve projetar sua carreira e posição 
  • Todos somos únicos = posições/empregos únicos
  • Reflita continuamente sobre suas experiências para determinar o que você quer realmente fazer.
  • Tome decisões para alcançar seus objetivos.
9. Diferencie-se
  • Desenvolva suas habilidades únicas.
  • Demonstre como elas fazem de você um profissional melhor.
  • Utilize essas habilidades para fazer as coisas por conta própria.
10. Não confunda um estágio com um emprego de tempo integral 
  • Um estágio te introduz ao modo como o escritório funciona e os projetos são desenvolvidos.
  • Empregos de tempo integral implicam em responsabilidades e produtividade (prazos)
  • Empregos de tempo integral = estresse!
11. A tecnologia nos guiará 
  • Você deve ficar na vanguarda da tecnologia.
  • Seja voluntário para aprender novos softwares e lidere sua implementação no escritório.
  • Aprenda BIM e domine essa ferramenta ainda na graduação.
12. Sustentabilidade é seu legado e oportunidade 
  • Se você se dedicar a aprender muito sobre sustentabilidade ainda na graduação, poderá compartilhar seus conhecimentos com os demais arquitetos do escritório, conquistando respeito.
  • Assuma a liderança em sustentabilidade no escritório onde trabalha.
  • Torne-se um LEED Green Associate ainda na graduação.
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   Você deve educar a todos sobre sustentabilidade. Cortesia de Perkins + Will

13. Você precisa se aprofundar em ambientes construídos sustentáveis 
  • Você deve educar todos sobre sustentabilidade.
  • O resultado virá na forma de futuros clientes.
14. Construa comunidades 
  • Apenas 2% das pessoas podem bancar os serviços de um arquiteto.
  • O que você está fazendo para ajudar os outros 98%.
  • Envolva-se com sua comunidade.
15. Salve a profissão 
  • Arquitetos não são justamente recompensados porque o público em geral não valoriza (ou sabe) o que fazemos.
  • Ensine, compartilhe, mostre e demonstre aos outros como podemos melhorar o mundo.
16. Educação não acaba na escola 
  • Você deve permanecer na vanguarda do conhecimento em materiais, sistemas e tecnologias.
  • Não deixe o mundo te passar para trás.
17. Oriente
  • Ajude a ensinar a próxima geração.
  • Uma via de mão dupla (olhe para frente e para trás).
  • Você aprenderá algo no processo e se lembrará o porquê de ter escolhido essa profissão.
18. Não deixe o mau humor te pegar 
  • Inspire-se continuamente na geração mais nova e aproveite seu otimismo e energia.
  • Seja um profissional positivo e otimista.
19. Conserte algo 
  • O mundo está repleto de problemas.
  • Escolha um ou dois deles e os corrija.
20. Complete a tarefa 
  • Você iniciou o processo de se tornar um arquiteto... então conclua.
  • Mantenha seus olhos no prêmio!
21. Consideração final 
  • O edifício mais fácil de se projetar é uma caixa, mas arquitetos não projetam caixas.
  • Arquitetura tem a ver com servir aos outros através do projeto do ambiente construído. Assegure-se de que seu trabalho sirva aos outros e contribua com um mundo mais sustentável.
Espero que essa lista faça você pensar sobre a época em que estava concluindo a escola e embarcando em sua carreira. Se você pudesse voltar atrás e dar algum conselho ao seu eu mais jovem, o que você diria? Que conselho você daria à próxima geração de arquitetos? Por favor, compartilhe suas opiniões nos comentários a seguir.
Kevin Singh é Professor Associado de Arquitetura na Escola de Design da Louisiana Tech University e Diretor do Community Design Activism Center (CDAC) desde 2006. 
Kevin se formou na Ball State University (B.Arch.) e na Auburn University (MBC) e é membro do conselho da Association for Community Design (ACD) desde 2012. Ele foi recentemente homenageado como um dos "40 Under 40" pela revista Building Design + Construction

Fonte:Kevin J Singh. "21 dicas para uma vida bem sucedida na arquitetura" [21 Rules for a Successful Life in Architecture] 23 Sep 2014. ArchDaily Brasil. (Trad. Romullo Baratto) Acessado 28 Set 2014.  http://www.archdaily.com.br/br/627558/21-dicas-para-uma-vida-bem-sucedida-na-arquitetura?ad_medium=widgets&ad_name=most-visited-article-show

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

8 iniciativas urbanas inspiradoras

Reportagem publicada na revista Red Report (fev/2013).
Com suas bicicletas dobráveis na bagagem, duas amigas viajaram o mundo para desenvolver o projeto Cidades para Pessoas, que pesquisa soluções inteligentes para os grandes problemas urbanísticos das metrópoles. Depois de visitar 12 cidades ao longo de nove meses, voltaram cheias de boas ideias
Pedalar é como flertar com uma cidade”, escreveu o músico escocês David Byrne em seu livro Diários de Bicicleta, em que conta peripécias vividas com seu meio de transporte favorito. Partilho da paixão dele pelas bikes: não há veículo melhor para explorar lugares – e se deixar seduzir por eles. Em especial, se forem metrópoles que superaram problemas urbanísticos com soluções criativas, como as 12 cidades onde pedalei, por nove meses, durante a pesquisa para o projeto Cidades para Pessoas.
A viagem foi dividida em duas partes. Na primeira, percorri sozinha sete destinos na Europa: Copenhague (Dinamarca), Amsterdã (Holanda), Londres (Inglaterra), Friburgo (Alemanha), Paris, Lyon e Estrasburgo (as três na França). Na segunda etapa, com a artista plástica Juliana Russo, percorri Cidade do México, Barcelona (Espanha) e, nos Estados Unidos, Nova York, San Francisco e Portland. Tudo financiado coletivamente, graças à plataforma brasileira de crowdfunding Catarse. No final, coletamos boas propostas, como as que contamos a seguir.
1. CopenhagueDo Esgoto à Piscina
Basta atravessar as portas de vidro do aeroporto para entender a fama de cidade mais ciclável do mundo: um mar de bicicletas coloridas estacionadas dá as boas-vindas na capital dinamarquesa. Uma das primeiras cidades modernas a nortear seu desenvolvimento econômico com foco nas pessoas, Copenhague transformou avenidas em vias de pedestres já na década de 1950, quando a maioria dos governos construía viadutos para os carros.
Em 1996, a prefeitura colocou em prática um plano para purificar as águas do canal Havnebadet, que circunda a cidade. Na época, ele estava poluído e isolado das pessoas por uma malha industrial. Essas fábricas foram removidas para uma região mais afastada, e os sistemas de esgoto passaram por ampla modernização: ganharam estações de tratamento e foram construídos reservatórios para que, em dias de chuva, o esgoto não se misturasse à água do canal.
Com a saída das indústrias, o rio voltou a ficar visível e as margens se transformaram em áreas de lazer e recreação, ganhando mobiliário urbano como pistas de skate, quadras poliesportivas, ciclovias e campos gramados. o projeto de limpeza da água foi tão efetivo que, em 2005, foi inaugurada a primeira piscina pública de Copenhague, no meio de um canal. E a capital da Dinamarca passou a trilhar um caminho para adquirir uma nova fama: a de melhor grande cidade do mundo para quem gosta de nadar.
2. LondresMais opções de Mobilidade
“A boa cidade, do ponto de vista da mobilidade, é a que possui mais opções”, explica o planejador urbano Jeff Risom, do escritório dinamarquês gehl Architects. E Londres está entre os melhores exemplos práticos dessa ideia aplicada às grandes metrópoles.
A capital inglesa adotou o pedágio urbano em 2003, diminuindo o número de automóveis em circulação e gerando uma receita anual que passou a ser reaplicada em melhorias no seu já consolidado sistema de transporte público. Com menos carros e com a redução da velocidade máxima permitida, as ruas tornaram-se mais seguras para que fossem adotadas políticas que priorizassem a bicicleta como meio de transporte. Em 2010, Londres importou o modelo criado em 2005 em Lyon, na França, de bikes públicas de aluguel. Em paralelo, começou a construir uma rede de ciclovias e determinou que as faixas de ônibus fossem compartilhadas com ciclistas, com um programa de educação massiva dos motoristas de coletivos. Percorrer as ruas usando o meio de transporte mais conveniente – e não sempre o mesmo – ajuda a resolver o problema do trânsito e ainda contribui com a saúde e a qualidade de vida das pessoas.
3. ParisCalor a favor
Praia, samba bem brasileiro e um calor de 40 graus são, por incrível que pareça, receita urbana de sucesso em Paris. A prefeitura entendeu o que precisa ser percebido melhor no Brasil: o clima quente durante o verão pode ser um recurso positivo se for usado a favor da população.
Criar espaços públicos para que as pessoas possam aproveitar o sol é uma iniciativa que entrou na agenda da cidade em 2002, com a criação da Paris Plage (Praia de Paris). o que começou com um pequeno trecho de praia artificial, criada com tanques de areia, foi se espalhando por quase toda a margem do Rio Sena. Atualmente, nessa época do ano, a avenida que circunda o rio é desativada e ocupada por guardasóis, jatos de água, rodas de samba brasileiras, bibliotecas públicas e atividades de recreação para todas as idades.
E no subsolo da Paris Plage ganhou destaque o centro cultural mais curioso da França: o Museu do Esgoto, que percorre as tubulações da cidade para contar a história da despoluição do Sena. Duas medidas simples – saneamento básico e espaços públicos de veraneio – garantiram um cenário de praia e samba nada convencional, saudável e muito bem-sucedido
4. São FranciscoEstacionamento para Humanos
Tomar um café ou uma cerveja na calçada, apreciando o movimento dos pedestres, tem um sabor especial em San Francisco. Principalmente se você estiver em um parklet, prolongamento da calçada que ocupa antigas vagas públicas de estacionamentos de carros, adaptado para receber mesas e cadeiras para clientes de bares, cafés e restaurantes.
A ideia surgiu, como é comum na vanguardista cidade californiana, de um movimento de engajamento cívico. os sócios da empresa de design urbano Rebar se uniram a amigos ativistas para fazer ocupações artísticas dessas vagas públicas para automóveis. No Dia Mundial sem Carro, o vazio onde caberia um veículo passaria a contar com grama sintética, bancos, árvores, mesas, cadeiras, piqueniques e o que mais viesse à mente das pessoas envolvidas. A ideia era provocar a reflexão: “E se esse espaço, em vez de ser ocupado pelos carros, fosse destinado a pessoas?”. o movimento inspirou funcionários da prefeitura a criar o departamento Pavements to Parks, com o intuito de recuperar para a população as áreas dominadas pelos carros. Com a regulamentação da construção de parklets, o poder público passou a emitir autorizações aos comerciantes interessados em construir e montar o seu. A prefeitura, o comércio e os consumidores saem ganhando.
5. PortlandChuva não é Problema
Ao ler o guia turístico de Portland, já sabíamos o que nos esperava na cidade do estado norte-americano de oregon: uma lista de programas para fazer enquanto está chovendo. No começo dos anos 2000, a estação chuvosa local, que vai de novembro a junho, deixou de ser vista como um problema. Em vez disso, os planejadores e gestores públicos compreenderam que a cidade pedia
soluções de revestimento alternativas ao asfalto – que, impermeabilizado, faz com que a água corra até os rios carregando toda a poluição dos carros. Assim, em 2005 foi adotado o programa grey to green, cujo objetivo era construir infraestrutura ecológica: ruas com concreto permeável, calçadas feitas com pouquíssimo concreto, um tanque de terra – para que a água entre no solo e chegue limpa ao rio – e telhados verdes, que ajudam a filtrar a água e garantem naturalmente o conforto térmico de prédios e casas. Deixar Portland ainda mais encantadora com um rio que fica mais puro a cada ano foi possível com o simples ato de considerar o clima e as peculiaridades locais como recursos, e não problemas.
Outras boas ideias
No processo de melhoria das cidades, projetos não oficiais, que partem da sociedade civil organizada, são tão importantes quanto a gestão pública. Em Nova York, na década de 70, um grupo de ativistas criou o Food Co-op, um mercado que funciona até hoje e onde só associados podem fazer compras. Cada integrante do coletivo trabalha quatro horas por mês, e os alimentos vendidos (por preços baixíssimos) são cuidadosamente escolhidos entre produtos locais, orgânicos e algumas opções industrializadas.
Nesse mesmo esquema de cooperativa, mas com enfoque integral, a Aurea Social foi criada em Barcelona como uma resposta à crise espanhola. Em um espaço cultural, procura-se oferecer de tudo um pouco: saúde pública, moradia, aulas de ioga, horta comunitária etc. É possível pagar com um banco de horas trabalhadas no próprio grupo, fazendo com que todos esses serviços sejam acessíveis a qualquer um disposto a cooperar.
Já na Cidade do México, foi o bom humor que levou o ciclista Jorge Cañez a se vestir com uma máscara de luta livre preta e branca para encarnar, nas ruas, um super-herói chamado Peatónito, que luta pelo respeito aos pedestres no caótico trânsito da capital mexicana.
Como vimos, ao pedalar em meio às boas soluções que existem mundo afora, uma cidade melhor para as pessoas depende basicamente da atitude… das pessoas.
texto: Natália Garcia
ilustrações: Juliana Russo

Fonte: POSTADO EM